Capítulo 14.5

                 A tarde estendia–se por toda a região,e agora o movimento acalmava–se, ao menos por pouco tempo.  Porém, em uma cidade apesar do sol e do calor, ela permanecia assombrosa e com um leve tom de mistério. Estamos falando de Darkville City, a cidade das sombras, onde acaba sendo conhecida pelo seu Ginásio e por ser o local do maior QG da Equipe Dark, tão protegida que a P.I nunca conseguiu destruí–la, nem com armas de fogo, bombas ou exércitos.

                Naquela tarde, no QG, o movimento estava considerável, pois os três comandantes estavam presentes. O local parecia de certa forma uma fortaleza, mantendo parte como um moderno prédio mas com leves toques de antiguidade, como os castelos dos contos de fada. Por dentro, porém, era algo sem dúvida moderno, apesar de alguns móveis um pouco peculiares e algumas decorações diferenciadas mantinha a mesma beleza equilibrada de qualquer outro QG. Em uma grandiosa sala, no topo do prédio jaziam três comandantes, Grim, Fear e Lie. O ambiente era bem decorado, com porcelanas finas e uma janela de vidro fumê que ocupava uma parede inteira, e mostrava o resto da cidade. Pela construção eram espalhados diversos equipamentos com tecnologia de ponta, até mesmo na lata de lixo ou no vaso sanitário.

                Grim jazia sentado em um sofá no lugar, olhando para seu relógio de pulso de minuto em minuto, cansado de aguardar tanto tempo para que a reunião começasse. Lie estava de braços cruzados, encostada na vidraça enquanto que Fear estava sentado encima de uma mesa.

                –Quanto tempo essa joça ainda vai demorar? Sinceramente eu tenho mais coisas pra fazer hoje. –Disse Grim que observava seu relógio de pulso.

                –E você acha que eu quero ficar aqui olhando sua cara feia o dia inteiro também? –Resmungou Fear

                –Ou vocês calam a boca ou eu vou aí calar. –Disse a mulher fazendo os dois se manterem em silêncio por um instante.

                –Pode vir calar a minha, eu não me importo neeem um pouco. –Riu Fear, levando um soco da mulher.

                –Idiota. Não sabe nem aguardar uma reunião. Patético... –Ignorou ela.

                –Acalme–se, pra quê ficar batendo em todo mundo? Isso demonstra claramente sinais de que você também é incapaz de aguardar uma hora marcada. –Disse Grim.

                –Fica na sua, intelectual. Olhar no relógio de cinco em cinco segundos é um ótimo sinal de impaciência. –Respondeu ela.

                Naquele momento a porta da sala abriu–se, e ao revelar a figura que cometera tal ação, todos congelaram–se. Era uma mulher, provavelmente por volta de seus quarenta anos, a fundadora da Equipe Dark. Ela tinha cabelos roxos curtos, assim como um vestido grande e esbelto, que mostrava poder e riqueza, além de grande escuridão naquela veste, que era amarrada na cintura por uma faixa em tons róseos.

                –Continência! –Disse ela com sua voz firme.

                –S–senhora, qual o motivo repentino da reunião? –Pronunciou–se Grim fazendo a mulher esfregar a mão no rosto.

                –Escute aqui, comandante Grim, “senhora” está no céu, tudo bem? Não sei você lembra–se mas meu ex–marido está no momento em nossos calabouços. Lembre–se , sou Lady. Lady Dark, certo? –Explicou ela. –E se quer saber, preciso conversar sério com vocês.

                Naquele momento ela sentou–se em uma cadeira grande e macia, e fez um sinal para que os comandantes também se sentassem. Os três revelavam um suor frio, sabiam que sua chefe era alguém impiedosa, capaz de matar a si mesma se fosse necessário, porém era uma pessoa muito ardilosa, tanto que construíra o grande império que era a Equipe Dark. Ela respirou fundo e suspirou, dando continuidade a conversa.

                –Olhem, eu tive trabalho para encontrar sujeitos perfeitos para ocupar esses cargos que vocês estão agora. E estão me decepcionando cada vez mais! Vocês dois conseguiram falhar nas últimas missões! Qual a desculpa de vocês? –Disse ela fazendo eles se entreolharem.

                –Tenho certeza que parecerá ridículo falando assim mas o problema são crianças. –Disse Grim amedrontado pela resposta.

                –Oh Crianças? Agora entendo porque falharam... –Sorriu ela fazendo os três baixarem a guarda. –Idiotas! Perderam a P.A.S.T.A A e não conseguiram tomar a Fuego Ironworks por causa de CRIANÇAS?

                –Chefe, Lady Dark, não são qualquer crianças quaisquer. Um deles é filho do Campeão e de uma aposentada Top Coordenadora, enquanto que um dos outros é filho de Silver Deacon, e a última é Lilly Hanley. –Concluiu Lie, que apesar de proteger os dois não tinha falhado em sua última missão.

                –Lilly Hanley, é? Puxa, agora esse jogo começou a ficar interessante, quem diria? A garotinha está em nosso caminho? –Disse ela com a mão no queixo como alguém pensativa. ––Mas mesmo assim são três crianças, isso não faz sentido ser a causa de derrotas. Mas mesmo assim Lie, não se preocupe, você foi a salvação na última missão na Torre de Rádio.

                –L também está atrás da gente. Não sei como mas está. –Completou Fear

                –Aquele maldito! –Gritou a chefe socando a mesa. –Então são quatro na nossa cola? Sabem o que vocês fazem? Mate–os. Sem piedade.

                Ao pronunciar tais frases os comandantes gelaram, olhando um para o outro completamente sem reação.

                –M–mas matar? Isso é louco até pra mim. –Concluiu Fear

                –Sem piedade. Os Darks não tem piedade. A Polícia não vai ter piedade se nos encontrar, nem ninguém, portanto não podemos ter. –Retrucou ela deixando–os pensativos.

                –Isso é... Não é totalmente certo, Lady. Quero dizer... Concordo com nossos ideais, porém não concordo com isso. É totalmente fora de cogitação. –Argumentou Grim.

                –Não vi o senhor reclamar quando tirei–o de uma enrascada em Johto, senhor Grim. –Disse a mulher deixando–o sem reação.–E Comandante Fear, quando te promovi de soldado da Equipe Plasma para Comandante da Equipe Dark você não pareceu nem um pouco incomodado. –Completou ela.

                Após dizer aquelas palavras os rapazes ficaram pensativos. De certa forma eles foram selecionados e mudaram de vida desde que ingressaram para a facção, e seus ideais estavam determinados desde aquele primeiro momento.

                –É o seguinte. Se queremos executar os nossos planos precisamos agir assim. Ou querem se entregar para a polícia de uma vez? Seremos os senhores supremos, todos irão se curvar a nos, mesmo outras facções. Seremos lendas! –Sonhou a mulher.

                Apesar de ter soluções radicais e peculiares, Lady Dark não passava de uma mulher com um sonho, um desejo, e estava determinada a seguí–lo.

                –Sem ofensas, mas não é meio clichê dominar o mundo? –Brincou Fear.

                –Clichê? De forma alguma. Todos querem mas ninguém nunca conseguiu. Nossos planos serão infalíveis e nosso alvo não é o mundo e sim os humanos. Se você quer e acredita você pode fazer. –Concluiu.

                –Enfim, o que sugere para que destruamos essas pragas? –Perguntou Lie.

                –Vamos dar uma chance para eles. Caso persistam iremos agir. –Respondeu ela. –L está os seguindo, então deixemos eles “curtirem” Funment City” e quando forem mudar de cidade o plano é esse...

                Ela então começou a citar um plano detalhadamente. Era realmente muito bem formulado, e tinha coisas tão óbvias que era impossível imaginar como não haviam pensado naquilo antes. As soluções foram dadas e logo a reunião estava terminada.

                –Bom, por hora o encontro está encerrado. Agora providenciem de se preparar, porque em breve iremos afastar o “Elezinho” e as crianças dos nossos planos e enfim adiantaremos muita coisa. Temos muito trabalho pela frente. –Disse ela dispensando os comandantes.

                Os dois homens deixaram a sala em silencio, restando apenas as duas mulheres. Assim que os dois saíram Lie mudou completamente de expressão, para uma preocupada, correndo na direção da chefe.

                –Mãe, por favor, é urgente, preciso te dizer uma coisa! –Disse ela.

                –Shhh! Lie, quase que eles ouviram, já te disse para não nos chamarmos de mãe e filha aqui! Se souberem que você é minha filha vão acusá–la quando eu te escolher como comandante no dia que eu me aposentar! –Disse ela cautelosamente.

                –Mas é importante, preciso falar com você sério.

                –Agora não podemos, lembre–se, encerramos a reunião. –Disse a mulher saindo da sala.

                Naquele momento Lie aproximou–se dos vidros da sala, apoiando sua cabeça e seus finos cabelos rosados, observando seu reflexo.

                –Ahh mãe... Como te dizer que não quero ser uma Dark? –Suspirou ela.