domingo, 10 de junho de 2012

                  O sol ainda não havia nascido àquela hora. Eram cerca de cinco e meia da manhã, mas Drake já havia acordado. Algo o perturbava, a ponto do garoto tirar seu despertador da tomada antes que o mesmo despertasse algumas horas depois. O garoto se vestiu cautelosamente para não acordar seus amigos e em seguida saiu. A cidade estava praticamente vazia. Apenas alguns comerciantes abriam seus negócios naquela hora. Ele andava tranquilamente pelas ruas, até ver uma figura conhecida. Parecia que a luz do sol nascera naquele momento, bem em sua frente.
                — Bom dia, acordou cedo hoje. — disse uma menina
                — Ahh! Oi Rose! Você ainda não foi embora! — concluiu ele contente.
                — Estou saindo da cidade agora para ser sincera. — admitiu.
                — Não tem problema, vamos tomar um café-da-manhã? Um último, não sei quando vamos voltar a nos ver. —pediu ele levando-a para uma padaria.
                — O destino quer o que quer, Drake. Ele vai nos unir novamente. —disse ela já sentada em uma mesa.
                — Eu sei, mas fico meio inseguro quanto a isso.
             — Não fique, nossa amizade é mais forte que isso, não acha? —perguntou ela deixando-o pensativo.
                — Amizade... Sim... Muito obrigado por tudo, eu... Sempre que estou com você me sinto melhor, você me... Lembra uma pessoa. — falou ele.
                — Obrigada, e se posso ser sincera ao seu lado eu me sinto algo... Que não dá para explicar. Vem lá de dentro. —falou ela não conseguindo se expressar ao certo.
                — Não são gases, são?
                — Não, não, não se preocupe.  — disse ela rindo. — E quanto à Lilly?
                — Você precisa mesmo estragar nosso café? — reclamou ele. — Eu cheguei ela já estava dormindo, fiquei com raiva dela.
                — Por quê? Vocês são amigos, devem se ajudar.
                — Eu sei, mas é impossível ajudar quando alguém não colabora. Eu viajo há pouco tempo com ela, mas parece que quanto mais a conheço, menos a conheço. Ela é tão direta, mas às vezes é tão misteriosa. Até hoje não entendi o problema que ela tem com os pais. — falava ele desabafando.
                — Tudo em seu tempo. Não apresse as coisas, Chrominus escreve certo por linhas tortas. — aconselhou ela.
                — Precisamos melhorar nos treinos. Não temos levado isso muito a sério ultimamente. — contou ele.
                — Treinar, treinar e treinar não é a solução. Precisa de algo a mais. — explicou ela. — Mas pela hora eu sinto dizer, mas meu barco sai daqui a algumas horas, e não posso me atrasar. Desculpe Drake, mas nos vemos em breve.
                Eles se despediram com beijos na bochecha, e em seguida ele permaneceu lá sentado. Rose a cada vez que aparecia sempre sabia como dar os melhores conselhos. Era uma pessoa meiga e caridosa, e Drake certamente sentia coisas a mais por ela. Porém era uma pessoa muito perfeita. Perfeita demais, e todos tem um defeito. Ele imaginava qual seria o de Rose.
...
                Algumas horas depois Sam e Lilly desceram para tomar seu café— da— manhã também. Trocaram poucas palavras e então desceram. Sam parecia cabisbaixo, observando a garota que cada vez que o pegava olhando para ela o mesmo tentava disfarçar. Lilly mexia seu suco de Berries com o canudo, e nunca o bebia. Apenas observava o líquido virar— se aos mais leves movimentos. Sam então pronunciou— se:
                — Então... Você está brava comigo? — perguntou ele tímido.
                — Não. — respondeu ela seca.
                — Está brava com quem? — insistiu ele.
                — Que droga, Sam, eu estou brava comigo! — respondeu ela perdendo a paciência.
                — Mas, por quê? Só porque perdeu?  Você já perdeu muitas vezes, sabia? — observou ele.
                — Eu sei! Para de ficar tentando me ajudar porque só está atrapalhando! — disse a garota por fim.
                — Tá, desculpa, só que esses seus chiliques estão afetando todos nós. — sussurrou ele para si mesmo.
                — Eu não pedi para vocês me ajudarem. — falou ela ouvindo o desabafo do amigo. Em seguida Lilly soltou um longo suspiro e tornou a falar, agora seriamente. — Eu quero ser a campeã algum dia. Em breve. Mas perdendo como estou não posso continuar. Eu fui derrotada facilmente.
                — Não foi não, foi uma batalha árdua que o Drake e a Rose tiveram que suar para vencer. — corrigiu.
                — Isso é uma mentira, você viu. Eu quero ser uma vitoriosa. Quero ser uma lenda. Mas perdendo facilmente eu não...
                — E como você busca conquistar isso? Se metendo em qualquer batalha que vê pela frente e sempre que perde vai ter um ataque de depressão?  Você quer que caia do céu?  Monte sua estratégia, há pouco tempo você não fazia idéia do que noventa por cento dos ataques causam aos outros.  — falou Sam se esforçando para não perder a calma.
                — Tá bom Sam, ta bom. Não queira bancar o espertão, eu também nunca te vi em uma batalha assim. — falou ela fazendo Sam bufar. —  Drake está ligando, ele foi se despedir do Hélio. Vamos, eu preciso falar com ele.
                Era raro Sam perder a calma, mas ver a atitude infantil de Lilly o irritava. A menina estava deprimida por uma derrota. Demorou para a ficha de tudo que plantou cair. E quando caiu, Lilly resultou naquilo. O jovem se esforçava para não falar nada a mais, então seguiram em silêncio até o Ginásio. Por sorte encontraram Drake na porta bem na hora.
                — Ahh vocês estão aí? Só quero me despedir do meu primo antes de sairmos, tudo bem? — perguntou ele animado.
                Eles assentiram. Drake foi abrir a porta quando surpreendentemente alguém a abriu milésimos de segundos antes. Uma figura conhecida se punha atrás da porta, de mesmos cabelos vermelhos espalhados e roupas a vontade. 
                — Derek? — disseram Drake e Sam como se nada mais os surpreendessem.
                — Ahh, oi minha musa! Olha aqui a quinta insígnia que o papai ganhou! Que tal a gente comemorar e...  — naquele momento Lilly passou reto e adentrou no ginásio. — Que bicho mordeu ela? Ela nem me bateu.
                — Você devia tomar mais cuidado com essas cantadas, você corre risco de vida, sabia? — disse Drake.
                — E acha que eu vim com esse colete de bobeira?  — perguntou ele revelando por baixo da camisa um colete de aço.
                Era melhor ignorar. Agora sim nada mais os surpreenderia. Hélio estava recuperando seus Pokémons da última batalha, e mantinha a mesma expressão brincalhona de sempre. Ele se sentiu bem ao ver a chegada do primo e de seus amigos, por quem ganhara apresso em questão de pouco tempo.
                — Olá amigos,que bom vê— los por aqui. — recepcionou o líder.
                — Primo, a gente está saindo da cidade. Só para avisar. Obrigado por tudo. — agradeceu Drake o abraçando.
                — Sou eu quem agradece. Boa sorte Lilly, o próximo ginásio é seu!  — incentivou.
                — Na verdade eu queria falar um pouco com você. A sós. — respondeu ela olhando para os amigos, que entenderam o recado e se retiraram.
                — C— claro, fique a vontade. — falou ele. — Sobre o que quer falar?
                — Primeiro pedir desculpas de ontem. Eu meio que perdi a cabeça. — desculpou— se ela.
                — Percebi mesmo. Posso saber a razão daquele momento de stress? — Hélio tentava se controlar mas era óbvio que havia detestado aquela atitude anti— esportiva.
                — Eu... Perdi...  — respondeu ela meio envergonhada.
                — E daí?
                — Daí nada. Eu perdi. Esse é o motivo. — explicou ela.
                — Não, agora falando sério. — pediu ele. — Lilly isso é banal. Sabe quantas vezes eu perdi na minha vida?
                — Mas eu não sou qualquer um. Sou a futura campeã de Ethron. Quero vencer, ser uma vencedora. Uma lenda. — continuava ela tentando convencer a si mesma que era uma causa como qualquer outra.
                — Acabou de me chamar de “qualquer um”, mas vou deixar passar. — brincou ele. — Diga— me quais são suas estratégias atualmente.
                — Eu uso a Harppy quando preciso, o Pawner usei um pouco, o Koalappy para começar e o Fippy na hora de acabar com o jogo. — respondeu ela após pensar um pouco.
                — Isso não é estratégia. É como eu te disse, as batalhas são como o Xadrez. --repetiu ele. — Aquele que souber lidar melhor com a batalha e montar uma estratégia antes vai vencer. Mas também é preciso saber como lutar em qualquer situação, saber lidar com o imprevisível.
                — Ainda não entendi o que quer dizer.
                — Treine, estude. Essas duas coisas são essenciais, então ouça— me: se quer ser uma lenda tem que começar por coisas pequenas. Estude e treine, que os resultados aparecem mais em breve. — concluiu o homem se retirando. — Eu acredito em você.
                Hélio subiu um cano que o levava para o andar de cima do ginásio, que provavelmente era onde ficava sua casa. Lilly permaneceu lá, parada por alguns instantes, até que viu que não havia mais nada que a prendesse ali. A menina avançou até a porta e se retirou do estabelecimento. Drake e Sam notaram seu silêncio então tentaram puxar assunto entre os dois.
                — Partimos para a rota trezentos e seis. Tem uma grande ponte até o que parece que liga as duas cidades. — disse Sam observando seu guia.
                — Eles não tem mais o que inventar. — falou Drake tão forçadamente que Sam esfregou a palma da mão no rosto.
                Eles foram para a saída da direita da cidade e logo chegaram à rota. Viraram— se e despediram— se da cidade da diversão, ela com certeza traria momentos de risadas longas mais futuramente. Deixaram as lembranças para trás e continuaram a caminhada pela vistosa rota 306. Após algumas horas a barriga dos três roncava de fome, mas Drake foi o primeiro a tomar a iniciativa:
                — Gente, podemos fazer uma paradinha? Na boa, to morrendo de fome. — pediu ele.
                — Certo, acho que temos tempo. — concordou Sam verificando seu relógio de pulso.
                Porém, Lilly ficou do lado oposto, virada de costas e comendo sozinha, apenas na companhia de suas Pokeballs, que ela insistia em olhar. Depois suas insígnias, e assim por diante como no dia anterior. Sam não suportava tal ato, cada vez ficava mais nervoso pelo comportamento da amiga ainda que não demonstrasse tão claramente. Drake parecia não estar muito ligado, mas ainda assim se preocupava com a amiga.
                — Qual o problema dela?  — perguntou
                — Seja qual for eu vou resolver agora. — disse ele levantando— se e tocando as costas de Lilly para chamar sua atenção. — Você quer ser uma vencedora, uma lenda, não é mesmo?
                A garota simplesmente assentiu balançando a cabeça levemente, mas sem entender muito o propósito da pergunta. Sam então se levantou e se afastou um pouco e virou— se com uma expressão forte e decidida, que até surpreendeu os amigos.
                — Então se levanta. Vamos fazer uma batalha.
                Lilly pensou ser piada, até deu uma risadinha simpática agradecendo Sam por alegrá— la, mas ele não parecia estar brincando. Insistiu e a garota levantou— se com uma expressão de simplicidade, olhando para os lados como se fosse apenas batalhar com uma criança. Lilly lançou seu Fippy, que assumiu o campo de batalha logo em seguida. Diferente da treinadora, Fippy não pareceu subestimar Sam.
                — Eu sei que você não gosta muito de mim, mas espero que possa me ajudar. — sussurrou Sam para sua Pokeball.
                Da Pokeball saiu uma criatura que até assustou os amigos e Fippy. Tinha cerca de um metro e meio, e parecia vestir uma poderosa armadura ancestral, como um guerreiro antigo.  Suas patas eram garras e possuía uma cauda forte e musculosa. Era um fóssil descoberto em Hoenn, chamado Armaldo, revivido de um Claw Fossil e evoluído de um Anorith.
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                — Caraca, de onde saiu esse carinha? —perguntou Drake surpreso.
                — Meu pai o deixou comigo quando fui morar com meu avô. –explicou sem ao menos olhar para ele. —Agora Lilly, monte sua estratégia e tente me vencer.
                — Fippy, use o Flamethrower. Você pode ter um Pokémon forte, mas eu tenho a vantagem. — disse ela convencida.
                Fippy usou um poderoso lança— chamas em Armaldo, porém não pareceu fazer muito efeito, o que confundiu a garota.
                — Apenas se você se refere ao tipo inseto, porém se observar melhor verá que o Armaldo como todos os outros fósseis também pertence ao tipo pedra primeiro. — disse Sam. — Use o AncientPower.
                O Pokémon levantou poderosas rochas antigas, e atingiu o adversário. Um poderoso golpe ancestral que causou sérios danos em Fippy. O Pokémon tentou se levantar, e quase não foi capaz de fazer tal ato.
                — Ainda não terminou, Fury Swipes! —ordenou ela.
                — Vai usar um ataque tipo normal contra um tipo pedra? É isso que estou falando, se quer ganhar tem que montar estratégias melhores. — disse Sam rígido, fazendo— a corar. — Stone Edge.
                O ataque do gato de fogo não fizera sequer cócegas no fóssil, que logo em seguida preparou outro ataque tipo pedra. Várias pequenas rochas rondaram o Pokémon, que lançou um poderoso feixe na direção de Fippy. O ataque derrubou— o com facilidade na mesma hora. Sam agradeceu e retornou Armaldo, deixando Lilly pasma.
                — Se quer falar de força então procure Pokémons com níveis altos, mas a verdadeira força está em saber lidar com as batalhas. É estratégia. Enquanto você não aprender isso não vai ganhar nada. — disse ele por fim encerrando a batalha.
                Até mesmo Drake não acreditava. Não simplesmente por Sam ter ganhado, mas ele realmente havia pego pesado e derrotado Lilly, além de agir de uma maneira totalmente diferente. Aquele não era o Sam. Aquela não era a Lilly. Esse não era o mesmo grupo de amigos.
                — S— Sam... — Disse Lilly revelando uma pequena lágrima que escorreu de seu olho direito e caiu suavemente no chão. Sam havia acordado e se dado conta do que fizera.
                — D— desculpa Lilly, eu não queria...
                — Não queria o quê? Jogar na minha cara que eu sou uma treinadora horrível? Ou que eu nunca vou ser capaz de realizar meu sonho? Ein? — perguntou ela completamente brava, agora derrubando rios de lágrimas enquanto gritava.
                Sam também não resistiu, e olhou para suas próprias mãos. Havia sido muito cruel com a amiga, havia sido pior que ela. Ao invés de ajudá—la havia a ferido mais ainda. Ele não agüentava quando isso acontecia, então saiu correndo, enquanto se mantinha chorando silenciosamente. Ele se afastou dos dois.
                — Volta aqui, Sam! — gritou Drake em vão. Em seguida ele se virou para a menina. — Viu o que você fez? Culpa sua o Sam sair assim.
                — Minha culpa? Ele que veio para cima de mim todo superior. —corrigiu ela.
                — É, só que ele só estava tentando te ajudar. E se quer saber esse seu desaforo por perder causou tumulto em todos nós, então é bom você tomar jeito. —falou ele firmemente, defendendo o amigo e tentando fazê-la se dar conta do que fazia.
                — Eu não pedi para vocês me ajudarem. — disse ela chorando novamente. — E acha que eu pedi para tudo isso acontecer?
                — Você está brava porque perdeu Lilly, isso é a coisa mais ridícula que eu já vi. Até mesmo para você. — desabafou ele fazendo-a perder a calma.
                — Droga Drake, quer saber? Vai se foder que eu não quero te escutar, nem você nem o idiota do Sam. — disse ela pegando sua mochila.
                — Isso é um adeus? Porque se for, pode levar embora você e essa sua babaquice. — gritou ele por fim.
                Lilly se retirou de lá aos berros, enquanto que até Drake agachara-se e começara a chorar suavemente. Era inevitável para os três, e as vezes chorar era a melhor forma de espantar as coisas ruins que guardava dentro de si.
...
                Sam continuava triste, não acreditava ainda no que fizera. Caminhava sem rumo, apenas desejando se afastar de seus amigos. Havia agido errado e não se perdoava de prejudicar seus amigos. O invés de ajudar Lilly ainda piorou sua situação.
                Ele caminhava, até avistar um homem de chapéu, com um típico casaco marrom grande que já conhecera. Ambos pareceram demonstrar surpresa no reencontro.
                — S— senhor L?
                — Sam? O que faz aqui? — perguntou ele puxando Sam para uma moita.
                — Sinceramente agora nem eu sei mais. Qual o problema? — questionou tentando mudar de assunto.
                — Suspeito que a equipe Dark esteja atuando por aqui, mas ainda não os encontrei. Sugiro que vá para um lugar seguro. — aconselhou o homem.
                — Posso te ajudar a procurá-los, não estou fazendo nada útil no momento. — sugeriu o garoto.
                L pareceu fitá-lo por alguns instantes. Levar um garoto de dezesseis anos para procurar uma imprevisível facção criminosa? Qualquer pessoa normal não faria isso, mas L não era qualquer um, podia ser sangue-frio e imprevisível, com os Darks. No ramo era questão de vida ou morte ser assim.
                — É algo perigoso, mas confio em você. — disse ele com um sorriso.
                Eles saíram do esconderijo improvisado e começaram a vasculhar. Nenhum sinal deles, estava tudo muito quieto, típico de uma rota normal. De repente alguns sons suspeitos puderam ser ouvidos de certa direção. Sam notou que se aproximavam da ponte que havia mencionado, e lá estavam vários soldados da Equipe Dark. Lie estava lá, e viu o detetive, se aproximando logo em seguida.
                                — Detetive, acho que nos encontramos novamente. — disse com um sorriso.

                — Não é uma ocasião muito agradável, devemos concordar. — respondeu o homem. Em seguida ele observou os outros dois comandantes se aproximando — E pelo visto toda a equipe está reunida.
                — Terá o prazer de reencontrar nossa mestra. — falou ela se retirando rapidamente.
                — A mestra deles? V— você sabe quem ela é? — perguntou Sam amedrontado por encontrar os Darks.
                — Simplesmente a mulher mais desprezível e asquerosa de Ethron... — disse L ao vê-la se aproximando.
                Uma mulher jazia de costas e fora chamada por Lie. Possuía curtos cabelos arroxeados, que realçavam seus brincos extravagantes. Vestia um longo vestido roxo, que dava um aspecto cruel, mas ao mesmo tempo sedutor. A mulher já aparentava ter uma idade acima dos quarenta, embora parecia sempre disposta a colocar seus planos em prática. Ela mostrou um sorriso cínico ao ver L.

                — Poupe— me de seus elogios, Hansom. — disse ela com sua voz forte, porém com um toque feminino e assustador, como sons ecoados de uma ruína antiga. —Receba a rainha de Ethron com esplendor.
                — Lady Dark... — sussurrou ele rangendo os dentes.
                — Ela parece assustadora. — cochichou Sam.
                — E quem é você, mocinho? Assistente do detetive? Escolheu um futuro triste meu jovem, mas ainda pode entrar para o lado certo. — falava ela virando-se para Sam, o que o fazia corar assustado. —O que acha de vir para a Equipe Dark?
                Ela estendeu a mão para acariciar os cabelos azuis do garoto. Ele permitiu o gesto repugnado, porém ao sentir o suave cafuné abriu seus olhos e viu simplesmente uma mulher o acariciando com o carinho de uma mãe. Não parecia haver problemas, ele se aproximou dela cada vez mais perto enquanto que ela parecia cada vez sorrir mais.
                — Tire suas mãos repugnantes deste pobre menino. —gritou L puxando Sam de volta. —Já não basta estes capangas horríveis ainda insiste em tentar ludibriar mentes jovens?
                — É sempre bom pensar no futuro, não acha?Eu tento viver um dia após o outro, mas...
                — O que faz aqui? Pensei que deixasse o trabalho sujo com seus assistentes. —continuou o detetive.
                — Engraçado, você fala de mim como se eu fosse previsível. —sorriu ela cinicamente mais uma vez. —Tem simplesmente uma razão para eu estar aqui.
                — Que seria...
                — Queria que você pudesse me ver uma última vez antes de ser morto. —falou ela fazendo com que até mesmo L se espantasse. —Eu já disse, nunca mexa com os Darks. Agora, comandante Grim, comandante Fear, executem o plano. Soldados, amarre— os.
                Antes que pudesse fazer qualquer coisa vários soldados da equipe começaram a surgir e os cercar. L tentou escapar com Sam ou tentou retirar alguma de suas Pokeballs, mas eles o impediram, amarrando-os rapidamente e jogando-os próximos da ponte.
                — Majestade, veja o que encontramos por aí. —disse outro soldado se aproximando com Drake e outro com Lilly nas mãos.
                — Ohh, mas reféns? Que maravilha, mais jovens para presenciarem um passo para o futuro da obscuridade. —disse a mulher contente.
                — Lady Dark, está tudo conforme o plano, agora devemos sair daqui antes da explosão. —disse Grim sério como sempre, corando ao receber um tapinha na cabeça da mulher.
                — Antes da o quê? Como assim explosão? —perguntou L tentando puxar as cordas.
                — Nada demais, apenas uma bombinha para deixar o recado. Não se preocupem, vocês ainda tem alguns minutos. Aproveitem. —falou a mulher entrando em um dos veículos.
                Os quatro se assustaram e tentaram se soltar, mas não conseguiam. Todos os veículos terrestres da equipe Dark avançaram pela ponte, e alguns helicópteros como o da mestra seguiram pela mesma direção. Apenas um barulho permanecia insistindo que era o que marcava a explosão. Poucos segundos restavam, os três jovens começaram a espernear enquanto que se debatiam presos e impotentes e derramavam lágrimas. Não conseguiam fazer nada para sua sobrevivência. L fazia o possível para se soltar, gritou o mais alto que pôde quando ouviu o último pio do objeto, que em seguida revelou uma grandiosa cortina de fogo que incorporou tudo a sua volta. “Cabum!”
...
                Uma fina voz podia ser ouvida. Um homem, que chamava incansavelmente com uma voz tranqüila. Lembranças vieram à tona, um bebê engatinhando, uma criança e um homem escavando o solo, pequenos fósseis nas proximidades. Em seguida, um garotinho abraçando com força um Shieldon, em seguida junto de outros lindos Pokémons fósseis. Agora com dois amigos correndo e finalmente de uma cruel moça de cabelos roxos, e naquele momento a voz pareceu engrossar-se, quando de repente ele abriu os olhos.
                Sam estava em um lugar pequeno, com um piso límpido e um papel de parede confortante. Estava deitado em uma cama muito agradável, ao lado de Lilly e Drake que haviam despertado no mesmo momento. De seu lado, L soltou um longo suspiro de alívio ao vê-lo acordado.
— N— nós estamos bem? Onde estamos? —perguntou o jovem.
                — Aqui é o céu? É meio diferente do que eu imaginei. —disse Drake olhando a sua volta.
                — Graças a Chrominus vocês acordaram. Estava preocupado que realmente tivessem... —o homem se interrompeu em seguida ao ver que estava tudo bem.
                — Senhor L? Nós não morremos? —perguntou Sam fazendo-o soltar uma pequena risada.
                — Não, a bomba atingiu apenas a ponte que ligava as duas cidades, mas não foi suficiente para nos matar de onde estávamos, mas o impacto nos derrubou de jeito. —explicou.
                — Demos uma sorte danada agora, ein? —brincou Drake.
                — Acho que não, infelizmente. Lady Dark é uma mulher abominável, mas não é burra. Ela queria apenas nos passar um aviso: não mexam mais conosco. Deve ter mais alguma razão mas não consigo distinguir... —ele observou os três, que ainda pareciam atordoados. —Mas enfim, foi um momento tenso, vou deixar vocês descansarem alguns minutos.
                O homem se retirou do local e deixou os três a sós. Eles pareceram olhar para os lados e disfarçar, era um momento um pouco constrangedor. O destino os unira novamente. Lilly mantinha sua expressão de rancor enquanto isso. Sam então pronunciou-se:
                — Acho que devo desculpas a vocês. De verdade, principalmente para você Lilly. —falou ele com peso no coração.
                — Estou com o Sam, também peguei pesado. Me desculpem. Eu... Eu não gosto de magoar meus amigos. Na última vez que isso aconteceu eu... Vocês sabem. —disse Drake magoado.
                — Desculpa gente. Deixei meus desejos me consumirem por um tempo. Espero que possam me perdoar, de verdade. —desculpou-se Lilly
                — Como não? Somos o melhor grupo de amigos do continente. —respondeu o jovem.
                Os três se abraçaram juntos. O calor da amizade, da reconciliação. Os problemas estavam para trás, agora restava apenas os mesmos amigos de sempre. A derrota ficou para trás, assim como as discussões. Pelo menos por aquele momento. Desavenças não chegariam naquele ponto, fora um momento único onde os três puderam demonstrar seu sentimento de gratidão por estarem juntos como um grupo, finalmente um grupo de amigos que todos nasceram para procurar.
                — Só uma pergunta. Aquela ajudinha que você ia me dar ainda está de pé?
...
                — Vamos voltar nosso caminho para Carevite?  —perguntou Lilly
                — Como? Eles quebraram a ponte, lembra? —disse Drake fazendo-a se zangar e se perguntar “o que fariam” incansavelmente.
                — Se me permitem uma sugestão, há uma ilha no extremo norte de Ethron, onde se não me engano haverá uma competição em alguns dias, além de ter um ginásio próprio. —disse L com o indicador no queixo como se buscasse algo em sua mente. —Ah, sim! Chama-se Insecta Island, e vocês podem pegar um barco amanhã para chegarem lá, o que acham? Até que a ponte seja reconstruída.
                Os três pareceram adorar a idéia, principalmente a garota.
                — Uma ótima idéia, vai ser ótimo. Muito obrigado mesmo senhor L. —agradeceu Sam contente.
                — Bom, um desvio inesperado de nossos objetivos, mas isso não vai nos impedir de realizá-los, certo? —perguntou Drake recebendo um assentimento dos amigos.

2 comentários:

CanasOminous disse...

Diga aí, Haos! Poxa, pelo visto você me pegou de jeito com o enredo, sabe que eu curto essas paradas de amigos e brigas kk Não que eu goste quando isso acontece na vida real, mas acho que em uma estória isso torna os personagens tão reais a ponto da gente também sentir a dor que eles passam, entende? Por sorte tu é um cara generoso e deu uma encerrada nessas brigas logo de cara, depois dessa confraternização não creio que a Lilly vá abalar-se tão cedo novamente, e eu sinceramente espero não ver mais esses amigos brigando novamente. (Diferente de um cara fidamãe que está fazendo um certo treinador enlouquecer de vez na fic dele kkkkk)

Mas é sério cara, é a primeira vez que eu vejo alguém trabalhando tão bem com esse estilo de enredo. Normalmente era bem difícil ver o pessoal utilizando de brigas assim, e acho que tem que realmente ter um momento certo para encaixá-las na história. Well, devo admitir que a aparição do Team Dark para mim ficou ainda mais apagada por conta dessa discussão no começo, ainda porque o momento que o Sam sacou o Armaldo foi MUITO EPIC! *-* Well, essa é uma desvantagem de colocar muitas informações num único capítulo, parece que alguns fatos ficam apagados, mas não que isso seja ruim, a mensagem do Team Dark foi entregue, e era isso que os leitores precisavam saber: Não mecha com os Darks.

Criar um segundo enredo assim com as facções é algo bem legal cara, mostra que o objetivo não é só seguir com as competições e com a Liga, e eu acho que você conseguirá explorar isso muito bem (: Bom Haos, foi um capítulo muito bom, notei um excelente trabalho nas descrições que tornou muitos momentos ainda mais brilhantes. Abraços companheiro \õ

Haos Cyndaquil disse...

Hey cara, valeu *--* Ahh umas intrigas são sempre legais em estórias cara, pelo menos na minha opinião e.e' Ehh, os Darks tiveram que ficar meio apagados, mas o maior destaque era a discussão dos protagonistas. Ahh agora pode ficar tranquilo que essas brigas cessaram, pelo menos por enquanto kkk' Valeu cara, até mais o/

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