sábado, 19 de maio de 2012

                     O pôr–do–sol podia ser observado àquela hora. Duas crianças jaziam  sentadas em um campo de flores, observando atentamente o fenômeno. Aquilo as  fascinava. A delicadeza com que o sol, tão grande e poderoso, colocava–se atrás das montanhas, até onde os olhos pudessem alcançar. O astro tão majestoso também tinha seu lado sutil, capaz de apaixonar qualquer um.
            Lendas em Ethron diziam que no pôr–do–sol era o período em que o lendário Aporbus, Deus desse maravilhoso astro, deixava o céu para sua irmã gêmea, a lendária Artione, deusa da lua. Quer fosse lenda ou não, os garotos não estavam preocupados com isso. Os raios brilhavam, deixando o céu com um tom alaranjado maravilhoso. Era um momento mágico, que apesar de
ser algo repetitivo, banal, como diriam os ocupados, ainda era capaz de surpreender as pessoas que sabiam aproveitar estes pequenos momentos da vida. O silêncio prevaleceu até uma pequena menina quebrá–lo:
            –O pôr–do–sol é tão perfeito, eu podia ficar sentada aqui a minha vida inteira... – disse a garota sonhadora.
            –Eh, você diz isso todo dia, Mel. – brincou o menino.
            –Ahh, Drake... Eu sei o quanto ele é bonito, mas quando eu o olho é completamente diferente. –Explicou ela.
            –Eu entendo. Se não teria parado de fazer isso há meses. – sorriu ele.
            A garota então parou um pouco de olhar para o sol e concentrou–se no rosto de Drake. Ele a olhou nos olhos. Os olhos de Melissa eram lindos, eram capazes de mudar de cor conforme a luz, naquele momento assumindo um tom alaranjado. Seu olhar para o garoto era sincero, e ela tornou a pegar sua mão, o que fez Drake corar. Ele segurou como se fosse o mais preciso bem de sua vida.
            –Daqui a dois anos nós vamos sair em uma jornada. Para sermos Top–Coordenadores...Vamos viajar juntos, não é? – perguntou a menina um pouco tímida.
            –Eu não quero ir para lugar algum se for com outra pessoa, mas se for com você eu vou até o reino de Hinferis. – disse ele sério, mas com certo tom de brincadeira.
            –Vamos fazer uma promessa? –sugeriu ela.
            –Qual seria?
            Ela estendeu o mindinho para fazer uma típica promessa de criança. Seus lindos olhos estavam compenetrados no rosto do amigo. Certamente era algo importante, pois Melissa ficara muito séria.
            –Vamos nos encontrar na final do Grande Festival de Ethron. E vamos fazer a melhor batalha do mundo! O que acha?
            –Eu não acho. Eu tenho certeza que quero fazer essa promessa. –disse ele juntando seu dedinho com o dela.
            O gesto fez uma grande sombra no campo. De repente, uma pequena ventania passou. Os cabelos longos da garota esvoaçaram, e pétalas de flores soltaram–se dos caules e delicadamente foram levados para longe. Mel pegou uma flor. Branca. Suas pétalas pareciam serem humanamente colocadas por mãos afetuosas, talvez pela antiga lendária Deusa Demessis. Todas estavam sobrepostas, formando uma singela flor.
            –É uma gardênia... É a minha flor favorita, sabia? Elas representam sinceridade. –contou a garota segurando a flor como se fosse a coisa mais linda do mundo.
            –Puxa, eu não sabia. Ela é realmente linda. –admitiu ele.
    Alguns latidos podiam ser ouvidos de ao longe. Eram Houndooms e Houndours que estavam soltos, farejando tudo o que encontravam pelo caminho, próximo  a eles. Baba pingava de suas bocas, e os focinhos molhados não paravam quietos. Suas sombras eram quase tão cruéis quanto os mesmos. Um olhar cruel era exalado de seus finos olhos.
            –Essa não, nosso vizinho de Johto soltou os cãezinhos para brincar. Vou sair daqui antes que me vejam. –Disse a menina se levantando
            –Eles não vão te atacar se você não os provocar, Mel. Pode ficar tranqüila. –disse ele.
            –Eu é que não vou me arriscar. Até amanhã na escola. –finalizou ela .
            Drake não compreendia o medo. Claro, aquelas mandíbulas pareciam poder dilacerar qualquer coisa que os as ameaçasse, além de terem um corpo próprio para correr longas distâncias na mais rápida velocidade,provocar um desses era suicídio.
            –Gardênias, hein? –Disse o menino por fim sozinho.
            O garoto começou a colher as doces flores, para montar um buquê. Nada melhor para surpreender sua amiga. Graças a Melissa, que com seu jeitinho cativava a todos, Drake já não era mais aquele garoto briguento , e finalmente conseguira ganhar a apreciação de outros alunos, graças a ela. A garota estava crescendo, ficando mais bela. Certamente ela seria uma jovem linda e delicada, uma perfeita combinação. Ele escondeu o buquê e voltou para sua casa.
 
  ...
            Os raios de sol da manhã entravam pelas persianas do quarto de Drake. Seu despertador tocava enfurecido, como um Chatot desafinado misturado com o ruído metálico de um Klink. Ele trocou–se, e foi tomar café com sua mãe, Alice, que tinha compromissos importantes, assistir a apresentações, fora que sempre era convidada para entrevistas. Mesmo aposentada ela tinha uma vida movimentada. Além, de claro, ser uma ótima cozinheira. Talvez ótima não seja a palavra exata, mas talvez prática. Tudo o que fazia era simples, mas combinado com um amor de mãe podia virar a coisa mais deliciosa do mundo. Era de lamber os beiços.
            O garoto amassou o buquê em sua mochila, tentando deixá–lo o mais escondido possível, aliás, caso sua mãe visse, ela iria pirar,embora ela adorasse Melissa. Mas quem não adorava? Ela algumas vezes brincava chamando a garota de “norinha” o que fazia os dois corarem. Ele jogou os cabelos para cima com um bocado de gel e saiu correndo para a escola. Era a hora. Mel provavelmente já saíra de casa.
No mesmo instante, Chad, seu vizinho saíra de sua mansão com o típico nariz empinado. O menino morava em uma residência pouco maior que a de Drake, com tudo que se possa imaginar. Os dois se encontraram, trocaram os mesmos olhares fulminantes e os mesmos xingamentos de sempre. Chad xingava Drake de “boçal” enquanto o outro insistia em “imbecil”.  Finalmente haviam chego a escola.
O sinal ecoava pelos corredores, semelhante ao despertador de Drake o que o causava certo descontentamento no mesmo. O dia melhorava cada vez mais. Assim que a professora chegou, receberam a notícia de que fariam a primeira prova oral, como ela havia explicado aum mês atrás. Drake foi tomado pelo desespero, primeiro virando–se para os colegas ao lado e perguntando “Que prova?”, mas depois mudou a pergunta para “Como se cola em prova oral?”. Tarde demais. As perguntas eram feitas e não havia como colar. No final a professora anunciou as notas. Oito para o Chad, dez para a Melissa e... Um para o Drake.
            –Droga, mais uma dessa e eu fico em recuperação nessa matéria. Queria que a aula fosse igualadaqueles caras mais velhos, com vários professores. –resmungava ele.
            –Não se preocupe, Drake, isso acontece. Agora você deve montar de novo na Ponyta e seguir em frente. –incentivou a amiga.
            –Eu deveria ter feito o curso de equitação que minha mãe falou. –praguejou ele fazendo Mel esfregar a palma da mão no rosto.
            –Não se preocupe Mel, o Drake não entende esse tipo de coisa. Mas ano que vem, quando ele repetir aposto que poderemos trocar várias idéias. –disse Chad interrompendo a conversa.
            –Quem te chamou aqui, palhaço?
            –Ninguém, mas acho que palhaço pode ser uma boa opção para sua profissão, o que acha? Se você conseguir, claro. –respondeu o rival.
            –Palhaço é uma ótima profissão, Chad, não é ruim como você está dizendo. Não que Drake vá ser. –concertou Melissa.
            –Corre. –disse Drake. –Corre que eu te mato!
            O garoto começou a correr atrás de Chad. A típica briga de Growlhite e Meowth. A professora tentou pará–los. Melissa também. Mas ele claramente não ouvia. Era quase sempre assim.
            –Drake, não!Lembre–se, a raiva é a enxada que cavouca o coração, destruindo todas as flores da pureza – aconselhou Mel com as mesmas frases típicas de sempre.
            O garoto além de ignorá–la acabou dando uma cotovelada na amiga sem querer, jogando–a no chão. Ele nem percebera, e ela ficou caída até que outros alunos a ajudassem a levantar.
            –JÁ CHEGA! PARA A SALA DA DIRETORA! –Gritou a professora com os cabelos saltados e os olhos esbugalhados.
            A sala da diretora. O único lugar onde todos ficavam quietos a pelo menos um raio de dez metros. Ao entrar, uma brisa fresca soprava devido ao ar condicionado. Egoísta a diretora, enquanto que os alunos morriam no calor... E claro, o um cheiro de café. Na mesa, algumas fotografias e na parede alguns certificados. Ao ver os dois a diretora levantou a sobrancelha direita. Nenhuma surpresa.
            –Novamente vocês dois por aqui? Até que já faz algum tempo, já estava até com saudades. Não os vejo aqui desde a guerra de comida no refeitório – disse a diretora seriamente, apesar do deboche.
             –Aquilo foi ele quem começou! – acusou Drake.
             –Foi nada! Foi ele diretora! – retrucou Chad.
             –Não interessa quem começou. Agora temos que resolver outro problema.         Olhe, guerrinha de comida ou papel, insultos, pegadinhas e discussões são horríveis e uma tremenda falta de respeito. Mas brigar? Isso é muito pior, vocês desceram demais o nível dessa vez. – falava severamente a mulher.
            Os dois se entreolhavam. Drake mantinha a mesma expressão de “eu te pego na saída” enquanto que o outro continuava com o nariz empinado, como um lord. Por causa dele, Chad sempre acabava na sala da diretora, mas sempre fora visto como um excelente aluno e uma pessoa de alta classe.
–Não esperava isso de você Chad, e Drake, achei que você tinha mudado. E não queria, mas vou ter que dar para vocês dois, outra advertência. Quero isso assinado amanhã. – ordenou ela entregando os pequenos pedaços de papel para os dois. –Agora vocês vão para a sala doze, onde vão fazer uma atividade para aprenderem de vez. Podem se retirar.
             Drake lançou um olhar fatal para Chad ao sair da sala. Ele mostrou a língua em resposta, mas ao Drake olhar para trás vira a diretora os observando. Eles seguiram para a sala doze, basicamente a detenção. Ele lembrou–se de Mel e do buquê que deveria entregar. Olhou o relógio. Acabara de finalizar o intervalo. Faltavam duas horas e alguns minutos para a aula acabar de verdade. Cada batida do relógio parecia uma contagem regressiva que nunca acabava. Ele se via como se estivesse aguardando sua morte, cada mínima batida tocava seu peito como um cutucão. De repente, o esperado barulho do sinal. Drake correu o mais rápido que pôde para a sala normal. Nenhum sinal de Melissa. Ele correu, procurando–a, mas ela já estava longe. Estava saindo da escola, em um caminho de terra. Era cercado por grama e árvores, e até o que parecia o vizinho soltou seus “cãezinhos” de novo. Era a hora de correr para valer. Ele correu até alcançar Mel, que estava cabisbaixa, ignorando todas as vezes que o amigo a chamava.
            –Mel, eu sei que eu não te escutei, me desculpa, mas espera aí! –disse ele atrás dela tirando o buquê de dentro de sua mochila.
            Melissa parou, mas não olhou para trás. Drake já não se importava se vissem as flores em sua mão, o perdão da amiga era mais importante. Ela mantinha o rosto baixo de forma que não se pudesse notar sua expressão. Nunca a viram assim. Era sempre uma pessoa feliz e que nunca mantinha baixo–astral. Drake viu uma singela gota cair em frente aos pés da mesma. A menina finalmente se pronunciou, com uma voz fraca e fria.
            –Eu... Eu realmente achei que você tinha mudado. Para melhor. Mas vejo que quando quer brigar esquece-se daqueles a sua volta. E se tudo que passamos não serve para você, então... Adeus, Drake. –disse ela partindo
            – Espera Mel, preciso te entregar uma coisa! Espera. –dizia ele esperançoso.
            –Eu disse ADEUS DRAKE! –gritou ela.
            Ao gritar ela olhou para o lado. Ela havia atraído a atenção dos Houndooms e Houndours. Os cães saíram correndo em direção a ela, como se a pequena garota pudesse ser uma ameaça. A menina gritava o mais alto que podia. Todas as crianças que estavam próximas, saindo da escola também viram a cena. Melissa estava aterrorizada, lágrimas corriam de seus olhos como duas torneiras quebradas. Ela não via para onde corria, os Pokémons já a alcançavam. Seria questão segundos para que a pegassem. Ela correu para atravessar a rua. Ouviu alguns gritos, mas não compreendeu do que se tratava. Os cães haviam parado na calçada. Ela não entendera a princípio, percebeu assim que ouviu uma buzina extremamente alta e um caminhão em sua frente. Era tarde demais. Drake gritava enquanto chorava e corria na direção dela. O caminhoneiro nem se deu o trabalho de olhar, começou a dirigir de novo como se nada tivesse acontecido. Tinha medo de qualquer acusação ou prejuízo para seu bolso.
            Drake podia ter sofrido, mas nunca sofreu como aquela vez. O sentimento, de ver sua melhor amiga ensangüentada no meio da rua, com seus lindos olhos fechados como se fosse a força, e seu singelo rosto com uma expressão de sofrimento, enquanto que muitas pessoas ligavam para uma ambulância que vinha anunciando a rua toda sua chegada com a sirene característica. As professoras sinalizavam, apontavam e pensavam no que fazer. As crianças ficavam traumatizadas só de olhar. Os cães voltaram para seus afazeres. Uma maca desceu do transporte e pegaram–na com cuidado. Drake perguntou a um dos médicos com os olhos inchados.
            –E–ela vai f–ficar b–bem? –soluçou ele.
            –Vamos fazer o possível. –respondeu ele sem ao menos olhar para trás.
    As professoras disseram que não havia mais nada que pudessem fazer e pediram para os alunos continuarem o que estavam fazendo. Difícil. Ainda mais depois de ver uma das melhores amigas de todos sendo atropelada. Uma cena que crianças nunca compreenderiam. Drake retornou com os olhos avermelhados e soluçando, todos o olhavam de lado com desprezo. O garoto voltara a ser o odiado. Mas agora por uma razão mais séria. Ele voltava quando Chad o chamou. Ele não virou–se.
            –Idiota, por que você fez isso? –perguntou Chad gritando enquanto derramava grossas lágrimas. Ele podia resmungar e reclamar, mas nunca havia perdido a calma de tal forma.
            Drake não respondeu, mas voltou a chorar silenciosamente. Chad prosseguiu.
            –Acabou com a melhor amiga de todos. Com uma das melhores pessoas que já conheci. Acabou com sonhos, desejos... Tudo! Você me enoja. –Disse ele se retirando. –S–seu assassino.
          
             As palavras caíram como um tiro nas costas. O pior era engolir que Chad tinha razão. E mesmo se não tivesse Drake não conseguiria dar uma resposta a altura, muito menos bater nele. Quase não tinha forças para andar. Ao retornar para a casa começou a espernear. Nolland já tinha chego em sua casa, assim como Andrew. Os três foram correndo até o menino. A mãe o abraçou. O pai e o irmão se entreolhavam confusos. Eles perguntaram o que aconteceu, mas as únicas palavras eram “Mel”, “rua”, “Pokémons”, “buquê” e ainda outras mais soluçadas. Após um tempo conseguiram decifrar  o que aconteceu, e preocupados foram correndo para a casa dos vizinhos mas eles já tinham saído. Deviam ter recebido a notícia e foram correndo para o hospital. Os pais do menino disseram que se tudo estivesse bem ele poderia visitá–la no dia seguinte.                                                 
 ...
           O dia seguinte foi uma verdadeira tortura. Todos ignoravam Drake, e o olhavam com nojo. Ainda que ele não tivesse sido diretamente o culpado todos assistiram a cena. Eles sabiam desde o princípio. Drake Eavans era perigoso, uma pessoa ruim, não deveriam se aproximar dele. Por um tempo, graças a Melissa isso mudou, mas agora o sentimento voltara. Ainda pior. O garoto olhou para uma foto em seu caderno. Ele e Melissa, abraçados, no mesmo campo de flores. A mãe dele tinha tirado, fazendo a brincadeira da “norinha”. Ele olhou para a carteira ao lado. Lembrava–se de Mel levantando a mão para responder uma pergunta ou então escrevendo em seu caderno com o conjunto de canetas gel que tinha ganhado do amigo certa vez. Ele havia perdido tudo aquilo em apenas um gesto. Um sentimento. Era o famoso efeito dominó.
            Ele saiu da escola e seus pais o aguardavam. Eles o levaram para o hospital. Perguntaram para os pais de Melissa se Drake podia vê–la. Certamente eles não haviam ouvido a fofoca que ela se acidentara por culpa do garoto, então o permitiram caso os médicos aprovassem. Ele entrou sozinho na sala. Um ar frio rodeava o espaço. Móveis brancos e marrons claro decoravam–a. Um móvel para colocar pertences de Melissa para caso ela acordasse. E em uma cama, lá estava ela. Coberta de bandagens. Cheia de fios presos, com bolsas de sangue e soro penduradas. Era quase impossível saber que era ela, se não fosse pelo mesmo rosto angelical, diferenciado apenas por um aparelho em seu nariz e em sua boca para que respirasse. Ela estava em coma. Uma máquina fazia barulhos representando seus batimentos cardíacos incansavelmente.
            O garoto tirou de sua mochila um buquê de flores. Gardênias. Brancas. Sinceridade. Ele colocou em um vaso com água ao lado e se aproximou da menina. Começou a falar, imaginando que talvez ela o escutasse.
            –Mel... Eu sei que você não me perdoou, mas... Me desculpa. Eu não queria fazer isso... Eu não queria que isso tivesse acontecido com você. De verdade, você é minha melhor amiga. Eu não queria que você sofresse. Eu... Eu gosto muito de você. Eu sei que você vai ficar bem, vamos nos encontrar na final do Grande Festival, como em nossa promessa. Certo? Bom... Se recupere, então. –disse ele tentando mais convencer a si mesmo que a amiga.
            Ele se levantou. Ajeitou o vaso. Derramou algumas lágrimas, e deu um beijo em sua testa. Acariciou sua pele. Ele se preparou para deixar o local. De repente, pensou ter ouvido um “você consegue”, mas ao se virar ela se matinha na mesma posição, sem mover os lábios. Deveria ser sua imaginação. Ele deixou a sala chorando. Não podia fazer mais nada.
                   
...
            Era a semana mais longa de sua vida. Os médicos disseram que devido ao estado dela conseguiriam dar a resposta se ela sobreviveria ou não após uma semana. Drake aguardava ansioso. Ele tinha esperanças. Melissa era delicada, mas tinha força em seu coração. Ela sobreviveria. Com certeza. Ele retornou para sua casa. Ao se aproximar viu os pais de Mel cheios de malas, com um caminhão próximo escrito “MUDANÇAS”. Ele não entendeu primeiramente, mas se aproximou dos pais de Melissa.
            –A Mel está bem? –perguntou ele inocentemente.
            A mãe começou a tentar tampar o rosto discretamente, mas era impossível não demonstrar lágrimas derramando. O pai manteve–se quieto. Eles fizeram um sinal para que esperasse. Se viraram e trocaram algumas palavras. A mãe respirou fundo e soltou apenas três palavras que fizeram mais efeito que um livro inteiro.
            –“Ela se foi”.
            Eles estavam se mudando para Hoenn. Estava na hora de recomeçar tudo. Eles se despediram e deixaram a casa. Drake manteve–se parado em frente o estabelecimento. Não era possível. Melissa havia morrido por suas mãos. Ele seria afinal um assassino? As palavras de Chad rondaram sua cabeça. Sonhos e desejos destruídos. O que ele mais queria era estar ao lado dela novamente. Ele tornou a chorar. Gritou, chutou e socou uma pedra. A mãe de Drake tentou se aproximar dele, mas Nolland a deteve segurando seu ombro. Ele precisava de um momento sozinho. Era a primeira vez que um garoto como ele se deparava tão profundamente com a morte.
            Estava acabado. Sua vontade era de cravar uma faca no coração e se encontrar com Melissa no céu. Ele era uma pessoa horrível. Apenas Melissa acreditava nele, era sua melhor amiga. Mais que isso. Eram uma dupla perfeita. Era adorada, era uma menina maravilhosa. E ela havia ido, esperava–se que para um lugar melhor. Para o paraíso. Para um campo de flores no céu. A promessa dos dois afundou, agora não poderia ter sido cumprida. E o pior, é que Drake não tivera chance de se desculpar e sequer entregar o buquê. Se sentia sujo. Mal. E todos o olhavam como se fosse a pior pessoa do mundo. A recuperação seria difícil. Ele sofreu por meses. Sua melhor amiga tinha falecido.


            Cinco anos depois...

 
            Drake observava o por do sol do Pokémon Center de Funment City. Era lindo. Ele tinha a mesma fotografia em uma mão e uma flor em outra. Uma gardênia. Branca. Sinceridade. Uma pequena lágrima saiu de seu olho e pingou na flor. Ainda se lembrava de tudo como se tivessem acontecido no dia anterior. Ele segurou firme a flor e disse apenas algumas palavras para si mesmo.
            –Eu vou ser o melhor Top–Coordenador do mundo. Por nós, Mel. E vou ganhar o Grande Festival. 

                Ele tinha um motivo. Ele tinha esperança. Sua motivação poderia fazer ele derrotar todos os seus rivais, e conquistar este posto? Talvez sim, talvez não. Mas não, não era uma opção. Após dizer a frase, uma fina rajada de vento passou, uma brisa, e levou as lindas pétalas embora, que dançavam no céu, que um dia chegariam nas mãos de Melissa.

 

9 comentários:

Rodrigo Reshiram disse...

Capítulo emocionante!
Fiquei super sentido pelo Drake e coloquei-me no lugar dele no momento em que o Chad o acusou de assassino, na hora que ele viu a sua melhor amiga morrer em sua frente, quando ele desmaiou no capítulo 6. Deve ser horrível. Você escreve drama super bem e as duas partes do especial me fizeram ter uma forte reflexão sobre vínculos de amizade e o seu valor em cada pessoa.
Parabéns pelo capítulo esplendoroso e continue assim!

Haos Cyndaquil disse...

Olá Rodrigo! Obrigado pelos elogios, cara. Ehh, ao escrever esse capítulo eu tentei me imaginar no lugar de cada personagem. Acho interessante que os leitores estejam fazendo o mesmo. A amizade era forte, mas não era indestrutível. Apesar de ser uma causa boba a briga, não teve um fim bobo. Na verdade acho que até assumiu um tom realista. Mas enfim, até mais Rodrigo, já respondi suas suposições sobre o Enigma :D

CanasOminous disse...

Na moral cara, e me desculpe pelo palavreada, mas que puta capítulo! O drama está entre meus gêneros preferidos na leitura e no momento de se escrever também, é uma sensação única transmitida e a maior dificuldade é que não é aquele tipo de capítulo que podem ser feitos de uma hora para a outra. Chego a demorar dias com isso, leio, releio, peço opiniões, releio de novo, e o fato de você pedir auxilia para uma professora me fez ganhar ainda mais respeito pelo capítulo cara. Teria sido a Professora Alessandra? Na questão de coerência realmente não tem o que falar, e o enredo então? Saber que a Melissa teria uma morte amarga já era possível de se perceber, tanto é que o leitor começa a montar isso em sua cabeça aos poucos. Foi uma excelente estratégia que colaborou para que no fim tivesse um episódio tão bem planejado como esse.

Te deixo algumas perguntas, não sobre o enredo, mas sobre sua experiência com o capítulo. Gosto de saber porque os leitores escrevem algo, então, por que exatamente este projeto saiu antes mesmo de haver uma história? Quando trabalhei em meus especiais eu também tinha tudo planejado antes mesmo de poder ter colocado meus personagens na história. Conviver com a fama de assassino no coração... Eu não sei, conheci um cara que matou acidentalmente uma pessoa num acidente de carro, mas ele não sente esse aperto no coração. Me pergunto qual seja a sensação, de saber que tirou uma vida e ainda conseguir dar bola para frente da mesma maneira que o Drake luta para ser. Ele pode ter esse seu jeito descolado e animado, mas vejo isso muito mais como um refúgio. Se ele vivesse para pensar nas coisas ruins que fez, já teria sido matado, e acho que esse parágrafo em que você mencionou isso foi um dos mais chocantes. Na questão da descrição adorei o começo e aquela parte em que ela está no hospital, assim que o Drake a vê naquele estado. Cara, essa questão de viver com o peso de nunca receber um perdão e ainda ser acusado por um acidente? Machucou, machucou muito.

Só não deixo de notar algo, dê uma rápida lidinha na primeira parte do capítulo, até um parágrafo antes das ••• inicias. Ficaram alguns errinhos de digitação, notei uma palavra repetida uma vez e algumas letras maiúsculas onde não devia, mas cara, foi só isso mesmo, erros de digitação bem bobinhos, nada que influenciasse. Deixo meus parabéns pela sua escrita cara, não é preciso estar fazendo toda a semana um capítulo bom, quando temos só um já ganhamos provas do quão bom um escritor é. Dramas cara, você leva jeita com isso. Não se eu conseguiria continuar a ler os próximos episódios e ver o Drake com os mesmos olhos... Foi triste, vocÊ está de parabéns cara.

Haos Cyndaquil disse...

Eae Canas o/ Man, obrigado pelos elogios meesmo. Saber que o capítulo agradou deixa-me mais feliz a cada comentário. Yeap cara, foi a professora Alessandra que me deu uns toques. Hm... A razão desta história? Não cheguei a passar por uma experiência assim, mas lembro-me quando pensei logo após criar o Drake que queria que ele tivesse um passado triste. E o passado do Drake é o que mais será falado, pois ainda tenho um especial guardado na mente. Queria algo sobre um amor impossível, algo que acabaria antes mesmo de começar. A palavra que você sempre usa: "Sonhos", mas desta vez destruídos. Porém por parte da Melissa ela não será deixada para trás na estória. Ainda tenho algumas surpresas guardadas e imagino que seriam capazes de enlouquecer qualquer um. E man, a parte que você falou sobre o parágrafo anterior às "..." você pode especificar? Acabei de acordar cara, ainda estou meio gagá shauhsuaus. Abraço Canas, obrigado man o/

Unknown disse...

Uau! Que capítulo massa! Me inspirou muito a escrever minhas próprias fanfics! Continue assim!

Eduardo disse...

cara eu não queria dizer isso,mas o cap. foi tão triste e emocionante que eu até chorei...

Haos Cyndaquil disse...

Olá Pessoal!

Ri Lima- Que legal que serviu de inspiração para suas Fanfics, acho isso muito legal (: Obrigado pelo elogio cara, até mais o/

Eduardo- Puxa cara que legal! Quer dizer, eu não achei que seria capaz de fazer alguém chorar com o capítulo mas fiquei feliz que sim *-*. Eu sou pior man, quando leio alguma coisa triste choro rapidão e_e' kkk. Até mais cara o/

Dac disse...

Fantástico!
As descrições ficaram no ponto, me fazendo "ver" a história na minha cabeça, além de ter colocado muito bem o drama. Indo à parte triste...Não!A Melissa não pode morrer, ela tem de fazer a final do Super Contest contra o Drake(eu passei uns 5 minutos chorando)! Como o capítulo não é apenas isso, hora de falar dos outros fatos, pelo visto o ódio do Chad pelo Drake e vice-versa foi aumentado por este fato, não? Achei legal a atitude do Drake com o buquê.
Eis um pequeno fato:Estava em período de prova até este sábado e tirei umas horas para estudar um pouco mais sobre o corpo humano, por isso não comentei antes.

Haos Cyndaquil disse...

Yo Zekrom! Que bom que veio, você sempre é o primeiro a comentar, daí eu fiquei pensando "onde ele está?", até porque sei que você adora a Melissa. Mas prova é fogo cara, mas espero que você tenha ido bem \o/ Mas não se preocupe, não é o fim da Melissa (quer dizer, já foi o fim dela, mas não o fim da história dela e... Ahh, você me entendeu, né? kkk) Enfim, sim, o Chad e o Drake passaram a se odiar mais, acho que ambos igualmente kkk. Até mais cara o/

Postar um comentário

Regras:
-> Não xingar moderadores do blog
-> Não xingar outros usuários
-> Não usar palavrões

 
Copyright (c) 2013 Ethron Adventures. Ethron Adventures. Escrita por Vítor Siqueira {Haos Cyndaquil} Template Original em BTemplates [Vernal]