segunda-feira, 9 de julho de 2012

                O dia amanhecia calmamente, mas mesmo durante a calada da noite o grandioso Island Star continuava sua navegação pelo majestoso mar azul de Ethron. No horário que nossos protagonistas deveriam estar começando sua rotina era possível ouvir apenas roncos por entre o quarto dos garotos e das garotas.
                O quarto dos garotos mantinha as persianas cobrindo a porta de vidro que revelava a varanda do cruzeiro, de forma que apenas finos raios de sol adentrassem o local, ainda mantendo um escurinho aconchegante. As cobertas do local eram perfeitamente confortáveis e macias, assim como os travesseiros. Cada coisa em seu devido lugar para o máximo conforto de cada um. Já faziam horas do horário que os jovens costumavam acordar, àquele horário já estavam prosseguindo suas jornadas havia um bom tempo.
                Então, um barulho pôde ser ouvido, um despertador, que parecia ter sido adiado várias e várias vezes. Quando Drake abriu uma fina brecha em seus olhos para olhar o horário soltou um berro que acordou os amigos. Chad deu um salto de sua cama e tirou sua máscara de dormir, pronto para sair correndo antes de ver que estava tudo bem. Sam pegou um relógio para tentar entender o que se passava e também teve uma surpresa. Chad esfregava a palma da mão no rosto.
                —Céus! Dormimos muito mesmo! —gritou ele.
                —Ahh faz mó tempo que a gente não dorme bastante. Acho que é a primeira noite de sono decente que tivemos desde que saímos em uma jornada. —respondeu Drake.
                —Estas camas são milagrosas, não há dúvidas. —disse Chad de forma que não pudesse mentir que era a melhor cama que já dormira.
                Os três colocaram suas roupas e deixaram a cabine. No mesmo instante se depararam com as garotas batendo na porta, que provavelmente teriam acordado com os berros dos rapazes. No mesmo local, várias pessoas passavam, seja com várias sacolas de compra, roupas de banho molhadas ou o que quer que fosse.
                —Bom dia meninos. —cumprimentou Lilly bocejando.
                —Dormiram bem? —perguntou Sam só então se tocando da pergunta inútil que havia feito.
                —Ô louco! Dormir não, meu bem, hibernar! —corrigiu Sarah.
                —Falar nisso já checou a data do relógio? Tipo, vai que a gente acabou dormindo um dia a mais? —brincou Drake a julgar pelo sono longo que tiveram. Todos riram e em seguida discretamente conferiram os calendários e relógios do local.
                —E aí, o que vamos fazer de bom hoje, meu povo? —perguntou Sarah empolgada.
                —Quero treinar um pouco para minha batalha de ginásio. —disse Lilly
                —Quê? Me amarrota que eu tô passada. Querida, estamos no cruzeiro mais luxuoso do continente e você não tá nem aí pra isso? —perguntou a amiga.
                —Eu sei, Sarah, só que...
                —Se joga, meu bem! Riquinho como vocês é fogo, acha essa “luxuosidade” normal. —disse Sarah deixando Chad e Drake sem jeito por passar essa imagem por mais surpresos que estivessem.
                —Eu tenho cara de riquinha? —perguntou ela.
                —Tem razão... Mas eu também não quis dizer pobretona né? —sussurrou a menina para si mesma
                —O que você quer dizer com isso? —perguntou a outra raivosa.
                —Ela quis dizer que o SPA daqui faz maravilhas com a pele. —disse Drake puxando a amiga antes que tivesse um chilique (e com medo de apanhar).
                —Isso, experimenta uns creminhos revigorantes que fica mara! —completou ela com um sorriso forçado.
                —Vocês ganharam, vamos aproveitar. —respondeu Lilly.
                Os cinco checaram um mapa para ver onde se encontrava o SPA. O local seria uma boa pedida para relaxarem e comerem algo, afinal, desde o início de suas jornadas nunca tiveram um tempo para si mesmos. Ao se aproximarem da porta um senhor os repreendeu e mostrou uma placa escrito “FECHADO”
                —Com licença, senhor, mas por que o SPA está fechado? —perguntou Sam.
                —Não trabalhamos no feriado. —respondeu.
                —Mas eu estou ouvindo barulho de chuveiro. —observou Drake.
                —Ahh, sim, a senhorita Chryssa Worknesh tem permissão de adentrar aqui. —explicou o homem sem se dar conta da injustiça que cometiam.
                —O quê? Isso é uma injustiça, é uma... Uma... Iquinidade! Acertei a palavra, Chady—chan? —perguntou a menina
                —Quase, Sarinha, o certo é “iniquidade”. Na próxima você acerta. —respondeu ele.
                —Sinto, mas não posso deixá—los entrar hoje. —completou ele.
                Os cinco saíram ainda que contrariados. O SPA teria de ficar para outro dia. O importante era aproveitar ao máximo a estadia em um lugar tão luxuoso como o cruzeiro Island Star. O grupo andou pelos corredores decorados do lugar, próximos a um restaurante.
                —E aí? O que a gente faz? —perguntou Lilly
                —Vamos nos separar para dar um rolê. —sugeriu Drake.
                —Tá. Sam, vem com a gente. —continuou a menina.
                —Não, o Sam vem com a gente. —respondeu o outro.
                Começou uma briga. Drake queria Sam junto dele e Chad, já Lilly o queria junto dela e Sarah. Um cabo de guerra se iniciou, quase arrancando os braços de Sam. O garoto parou, irritado.
                —Ahh, eu não vou com ninguém, vamos fazer assim! —resmungou ele se retirando.
                Naquele momento Sam seguiu até algo que lhe chamou a atenção. Várias pessoas reunidas em um mesmo local pareciam assistir a algo. Claro, que devido à classe dos visitantes ninguém saia de sua zona ou enlouquecia como outros já teriam feito. Sam adentrou
                —O que está acontecendo?
                —E o famoso Hughe Spawnwarth está fazendo uma demonstração de suas habilidades sobrenaturais. —introduzia um homem através de um microfone.
                —Hughe Spawnwarth? Me parece familiar… –sussurrou Sam para si mesmo.
                —E o famoso batalhador da Elite dos 4, defensor da primeira casa, nos faz uma demonstração de suas habilidades assombrosas! A verdadeira Alma Fantasmagórica em pessoa! —continuava.
                Naquele momento um flashback passou na mente de Sam. Ele já havia ouvido aquele termo, mas não se lembrava de onde. De repente, como um raio, ele se lembrou de assustadoras cenas que vira no beco de Aurora City e do homem que salvara ele e Lilly. Que havia dito ser apenas uma Alma Fantasmagórica. Tudo fizera sentido, pois era o famoso defensor da primeira casa, especialista em tipos fantasmas.
                —N-não pode ser! —sussurrou o menino para si mesmo.
                O homem encerrou sua apresentação e decidiu se retirar do local. Sam ainda lutava para tentar ver algo, mas só foi capaz de ver quando todos abriram uma brecha, de forma que Sam fosse o único parado no caminho do ídolo. O homem passou sem mais delongas, apenas dando uma sutil olhada para o jovem. Uma fria aura podia ser sentida.
                Ele possuía uma pele pálida como a de um defunto. Seus cabelos, roxos e espalhados chamavam a atenção, mas não tanto quanto seus olhos de mesma cor. Seu olhar era profundo e sinistro, como uma verdadeira alma silenciosa. Estava bem trajado, como de costume.

                —Com licença, acredito que já tenhamos nos visto. —disse ele chamando o homem, que seguia normalmente como se fosse apenas um fã normal.
                —Deves ter me visto pela televisão. —respondeu o homem indiferente.
                —Não senhor, pessoalmente. Em um beco, em Aurora. Você salvou a mim e a minha amiga. —disse Sam empolgado em demonstrar seu ponto de vista.
                Naquele momento o integrante da Elite dos 4 pareceu demonstrar surpresa, virando para Sam:
                —Podes me seguir? —perguntou.
                Sam assentiu, sendo guiado até uma espécie de sala para guardar equipamentos de limpeza, que no navio Island Star conseguia manter muita classe para um lugar que nenhum hóspede entrava. Cada detalhe do navio era feito com o máximo de cuidado possível, e isso o tornava único. Hughe fechou a porta e começou a falar em um tom calmo.
                —Desculpe, meu querido, por não lhe responder antes, mas prefiro manter meu anonimato em segredo. —explicou o homem confundindo o jovem.
                —Mas por quê? É um herói, salvando pessoas de uma forma tão imprevisível. —respondeu.
                —Prefiro me manter anônimo, não gosto de fama e previsibilidade. —explicou em seguida.
                —E por que se juntou à elite? Fama não é o principal? —perguntou tentando deixar o membro em uma saia justa por ter sido tão misterioso.
                —Pode parecer para vocês, mas nosso grupo faz de tudo para se tornar único. Cada um com sua especialidade em todos os sentidos. —respondeu Hughe.
                —Só preciso que me responda uma coisa: como você faz tudo aquilo? —perguntou Sam se lembrando da forma na qual ele assustou os malfeitores.
                —Diz, isto? —perguntou ele revelando um sorriso macabro, que pareceu saltar para fora de seu rosto.
                Ele em seguida um vento esquisito começou a soprar pela sala, o que era esquisito, já que não havia janelas no local. Sam se afastou apavorado como na primeira vez que o encontrou, derrubando alguns pertences no chão. O homem voltou ao normal em um estalo, soltando uma risada descontraída em seguida.
                —Eu não deveria contar, mas acho que depois de lhe traumatizar em Aurora seria o mínimo a se fazer.
                Hughe abriu uma de suas mãos, e dela uma criatura curiosa apareceu. Era perturbadora, uma espécie de boneco maligno, solto por seu dono há muito tempo e que procurava vingança por alguma razão. O pequeno boneco com seu sorriso cínico fez um sinal de cumprimento.
                —Este meu velho amigo é de uma espécie capaz de alterar sua forma. Logo, ele me copia e usa seus ataques, não é criativo? —sorriu ele.
                Sam estava completamente confuso. Era algo tão simples que não fazia sentido. O Pokémon copiava a forma do treinador e usava seus ataques ainda igual a ele, transmitindo a sensação de que o membro da Elite era quem fazia aqueles ataques. Ainda assim muitas dúvidas corriam pela mente de Sam, afinal, como ele sumia de repente para que o Pokémon fizesse aquilo? Coisas como essa, mas era melhor nem questionar, afinal, todos tinham dúvidas sinistras sobre a existência daquele membro.
                —Sim, muito. —admitiu Sam.
                —Perdoe-me por derrubar seu... O que seria isto? —perguntou ele enquanto ajudava a pegar os pertences do jovem no chão. —Parecem anotações...
                —Eu queria escrever um livro, e... Uma grande amiga me incentivou a criá-lo. —respondeu ele pegando as páginas avulsas.
                —Que bom gosto, espero sucesso de ti. Há séculos que não vejo bons escritores.  —Sam agradeceu e assentiu com um sorriso, revelando uma expressão completamente surpresa ao se dar conta do que havia acabado de escutar. —Não se preocupe, é uma brincadeira.
                —Então tudo bem... Por que o senhor se especializou em tipos fantasma? —questionou. Sam gostava de conhecer melhor pessoas mais experientes que si mesmo.
                —Os fantasmas são aqueles que não vivem mais neste mundo e ainda foram encarregados de completar uma tarefa que não conseguiram em seu tempo de vida. Eles apenas desejam fazer seu trabalho para então descansar em paz. —dizia ele até ver um sinal de interrogação imaginário na mente do menino. —Oh, desculpe acho que não respondi sua pergunta.
                Ele então respirou e começou a buscar palavras para se expressar bem. Hughe não era do tipo que falava muito, mas quando falava sabia usar as palavras certas. Com Sam, porém, ele parecia se sentir mais à vontade, coisa que ocorria quando não estava repleto de pessoas ao seu redor.
                —Sabe... Os fantasmas são especiais. Eles são quietos e reservados e guardam grande imprevisibilidade. Logo, isso torna as batalhas mais interessantes que contra outro tipo. Fora que vivem em meus domínios, e se não quiser ser um deles...
                Mais uma vez Sam levou um grande susto ao se dar conta do que ouvia. Hughe soltou uma risada sinistra ao notar a expressão que o jovem fizera.
                —Desculpe, não resisti.
                —Acho que já vou indo. Com licença... —disse Sam deixando o local
                Naquele momento Sam abriu a porta e saiu do pequeno cômodo. Antes que fechasse a porta pôde observar por uma fração de segundo os olhos de Hughe, que brilhavam azul naquela escuridão como os olhos de um Meowth durante a noite. Em seguida ele proferiu palavras com um sorriso diabólico, encerrando a frase que não havia terminado:
                —Se não quiser ser um deles, cumpra sua missão em vida e batalhe por isso. —a porta então se fechou.
...
            Naquele momento Lilly e Sarah terminavam de caminhar pelo andar. Após retornarem na frente do SPA notaram novamente o fechamento do local, o que enraiveceu as duas mais uma vez.
                —O que vamos fazer agora? —perguntou Lilly.
                —Olha só, essa joça ainda está fechada. Odeio isso! —resmungou Sarah.
                Naquele momento uma mulher saia do lugar, e acabou dando uma trombada em Lilly. A mulher era alta, vestia roupas formais. Seus cabelos pareciam cascatas de mercúrio que escorriam até a cintura de seu corpo escultural. Seus olhos eram avermelhados e sérios, e mantinha um sorriso cruel no rosto.

                —Presta atenção por onde anda. —disse ela severa, com uma voz forte.
                —Quem você acha que é pra falar assim comigo? —perguntou Lilly brava.
                —Como assim, você sabe quem eu sou? —perguntou ela ofendida.
                —Não, eu não sei, não quero saber e tenho raiva de quem sabe.  —respondeu a menina.
                —Vejo mesmo que é uma pessoa raivosa, deve brigar assim com qualquer cidadão de Ethron então já que tem raiva de quem sabe quem eu sou. —disse ela fazendo a garota cerrar os punhos
                —Veshe, briga de Titãs! —gritou Sarah.
                Eram duas personalidades idênticas. Tecnicamente, Lilly um pouco mais velha se continuasse com sua personalidade amarga. As duas se aproximaram gradativamente silenciosas, de forma que apenas a rajada de vento e o som das ondas pudessem ser ouvidos, como em uma batalha do faroeste.
                —Quem você é, bitch?  —perguntou Lilly.
                — Chryssa Worknesh para seu governo, O Muro de Ferro. —respondeu a outra com um tom óbvio. —O prazer é todo seu.
                Lilly continuava sem entender nada, olhando para Sarah que levantou os ombros como sinal de que também não fazia ideia de quem ela era, o que deu mais confiança para ela. A mulher esfregou a palma da mão no rosto em seguida se pronunciando:
                —Vou traduzir para você, a defensora da segunda casa da elite dos quatro.
                —Ahh, foi mal aí tia...  —desculpou-se ela só então percebendo a gafe que havia cometido.
                —Argh, desta vez passa. Crianças insolentes, não sabem nem como tratar uma celebridade. —resmungou ela jogando os cabelos para trás.
                Chryssa então saiu pelos corredores com toda a sua pompa. Era uma mulher exibicionista e convencida, além de rude com outras pessoas embora tivesse seus momentos de descontração raros. Não era boa estrategista, mas seus Pokémons possuíam uma defesa elevadíssima, e alguns altos níveis de ataque de forma que fosse extremamente difícil de ser derrubada. Vários rapazes passaram e pediram autógrafos e oportunidade de tirar fotos com a celebridade.
                —É bom se preparar, porque logo vou estar enfrentando vocês e vou estar com tudo! —gritou Lilly para a mulher, que se virou por um instante.
                —Vou estar te esperando. —finalizou ela.
...
                Enquanto isso, Chad e Drake caminhavam por um dos corredores das cabines procurando algo para fazer. Ambos se entreolhavam a cada trinta segundos, com expressões mortais. Eram rivais de infância, mas às vezes ficarem brigados sem nada de ruim ter acontecido era banal, e não havia rancor que mantivesse ignorância por tanto tempo. Ainda assim as provocações vinham como motivos.
                —Não acredito que estou no mesmo corredor que você. —resmungou Drake.
                —Não creio que estou no mesmo cruzeiro com você. —rebateu o outro.
                —Acho que é um passo importante para a humanidade, a esta altura eu já estaria te puxado pela gola. —disse Drake revelando um fino sorriso que tentou esconder.
                —Como um animal selvagem, como sempre. —disse Chad revelando um sorriso também.
                No mesmo instante Drake saltou para cima do garoto, o pegando pela gola e empurrando contra a parede. Lá se vai o passo importante para a humanidade em um piscar de olhos. Um homem passava pelo local, observando a cena.
                —Como é? —perguntou ele puxando o garoto.
                —Opa, nada de briga pelos corredores e... DRAKE! —gritou o homem ao se dar conta de quem estava brigando na realidade.
                —Tio Ross!  Quanto tempo! —gritou Drake largando o rival de forma que ele caísse no chão.
                —Salvo pelo gongo. Digo... Pelo tio. —disse Chad tirando a poeira das roupas (se é que havia poeira em um tapete de luxo que era varrido de cinco em cinco minutos)
                O homem era extremamente alto, e tinha uma voz forte e máscula. Seu peitoral era largo e sua pele escura. Seus bíceps pareciam ter o volume da cabeça de Drake. Possuía uma barba grossa e pouco cabelo, além de uma expressão assustadora que naquele momento mais parecia ser de alegria.

                —Ele não é meu tio pow. Ele é quase irmão do meu pai, por isso chamo ele assim. Eles e mais um amigo viajaram juntos na infância. —explicou Drake.
                —E o que leva dois amigos a brigarem? —perguntou o homem ao se lembrar do que vira a alguns segundos atrás.
                —Acredito que houve um equívoco, nós não somos amigos. —completou Chad.
                O homem sempre fazia de tudo para proteger Drake que era com um filho para si mesmo. Porém, em algumas situações ele sabia usar as palavras, que apesar de poucas tinham um grande poder, o poder de um lutador.
                —Posso lhes contar um segredo? Sempre tive brigas com seu pai. Ele era igual a você, enquanto que eu era um apreciador de lutas. Costumávamos brigar mais como uma brincadeira, até que um dia o negócio ficou sério. —o homem continuava a história, inspirado.
                Ross sempre fora um garoto violento, de forma que Drake de certa forma estivesse desprezando seu conselho. Porém, após crescer passou a entender que as lutas não são um recurso de iniciar uma briga, mas sim de acabar com elas. Tornara-se um homem muito disciplinado embora adorasse assustar os jovens desafiantes com seus músculos saltando para fora e o hábito de tirar a camiseta antes de batalhar.
                —Eu acabei seguindo um caminho distante do seu pai e nosso amigo, até que vi que não deveria desistir de uma amizade por coisas bobas. Pedi desculpas, eles também e acabamos continuando até trilharmos o caminho de hoje. —encerrou ele com vagas memórias passando pela cabeça.
                —Só tem um problema. Nós nunca fomos amigos. —respondeu Chad.
                O homem era do tipo que ao ouvir mal de seu semi-sobrinho logo partia para cima do responsável.Porém, as circunstâncias o ensinaram a agir de formas diferentes. O especialista em tipo Fighting usava a cabeça.
                —Mas pelo que ouvi estão confinados a se manterem por aqui até o desembarque. Então sugiro que se deem um jeito. —disse o homem com um sorriso descontraído, que fez os dois se entreolharem notando a verdade que fora dita. O homem esfregou a mão nos cabelos de Drake e saiu do local.
                —Espere, o senhor já vai embora?
                —Tenho coisas a resolver, mas ainda nos encontramos, beleza? —concluiu ele se retirando.
                —Pode acreditar que ainda vai me ver brilhar nos Contests! —disse Drake contente.
                O homem parou naquele instante. Tomou fôlego, como quem iria fazer um comentário de grande importância. Fez uma expressão esquisita, em seguida começou a soltar lágrimas fazendo um som abafado. Ambos tentavam decifrar o que o homem tentava dizer. Ele abraçou seu estômago e revelou uma risada altíssima, que assustou os hóspedes.
                —Uuuui, vai virar purpurina? Que meigo. —o homem não conseguia se conter, rindo cada vez mais alto com os olhos arregalados.
                —Affe tio. Você sempre fala isso. —resmungou Drake.
                —Eu sei, eu sei, só estou te enchendo o saco.  —agora ele respirava fundo, aidna dando umas risadas abafadas e mais uma vez esfregava a mão nos cabelos do menino. —Abraços pros amigos.
                Chad e Drake se entreolharam pensando nas palavras do membro da elite. Pareciam querer acabar com as rixas, mas parecia aceitar que o outro estava certo. Eles não tinham certeza do quê, mas insinuaria que o outro estaria certo com relação a isso. O garoto de cabelos azuis se retirou.
                —Eu tenho que... Falar com meu pai. —disse ele saindo.
                O garoto prosseguiu para uma sala que era conhecida como sala de reuniões, que podia ser usada após uma reserva para aqueles que mantinham-se trabalhando mesmo em um cruzeiro como aquele, como a elite dos quatro. Drake adentrou o local e se deparou com seu pai e um outro homem.
                O mesmo estava trajado de terno também. Seu cabelo possuía um corte extremamente bem feito, e obviamente era arrumado detalhadamente sempre que possível. Um bigode fino o dava um ar charmoso, e de longe parecia ter uma tranquilidade inquebrável. Drake pareceu se surpreender ao ver os dois.

                —Pai...? Tio Jeff! —exclamou ele com um sorriso de orelha à orelha.
                —Drake, meu querido! Como está? —o homem pareceu em êxtase.
                — Ótimo. —respondeu abraçando o senhor.
                —Eu vi seu primeiro Contest e tenho que afirmar que se saiu extremamente bem para um iniciante. —completou Jeff.
                Jefferson era o defensor da quarta casa da elite, especialista em tipos dragões, sua paixão de infância. Antigo colega, quase irmão de Nolland e Ross os três se conheciam muito bem. Era uma pessoa sincera, logo, quando fazia um elogio era certamente verdadeiro. Era calmo no geral, e muito sério com quem não conhecia, mas com sua “quase família” parecia se tornar outro. Era casado e possuía filhos, embora não mantivesse contato com os mesmos.
                —Obrigado. —respondeu ele.
                —Se lembra da minha primeira batalha de ginásio? —perguntou Nolland assemelhando os dois acontecimentos.
                —Como não lembrar? O Pokémon do líder foi internado no Pokémon Center depois daquilo. Coisa de família. —respondeu Jeff com uma risada descontraída.
                —Nós sabemos, nós sabemos. Mas não pense que você e o Ross foram tão simples de se lidar também não. —indagou o campeão.
                —OWOWOWOW! Falando pelas costas, que feio. —Ross naquele momento adentrava o quarto em conjunto dos presentes.
                —Ihh agora começou. —riu Drake.
                —Vamos entrar em um consenso por aqui. —Nolland tentava acalmar os dois.
                —O Ross era o mais teimoso, isso é fato. —brincou Jeff.
                —Ahh vê se não me enche, eu sempre fui melhor que você! —agora Ross se defendia.
                —Exatamente por isso você cuida da terceira casa e eu da quarta. —comentou o homem com um tom superior.
                —Menos, menos vocês estão em níveis iguais. —o campeão tentava acabar com a discussão, revelando um sorriso. —Mas eu como campeão sou melhor.
                —Ahh nunca! —os dois em coro, desta vez.
                Os três sempre agiam como adultos normais, inclusive Nolland e Jefferson eram extremamente sérios em momentos normais. Porém, ao se lembrar da infância o trio parecia retornar à adolescência e voltar às mesmas atitudes, de forma que parecessem crianças brigando.
                —Hahaha. Eu serei melhor que os três juntos. —desta vez Drake entrava na briga.
                —Vou estar aguardando, filhão. —Nolland dera uma piscada com o olho esquerdo.
                —Porra, o moleque vai se tornar invencível. Quero ver passar por cima do tio Ross. —provocou o homem
                —Eu tenho uma amiga que um dia vai derrotar vocês todos. Na verdade duas. —completou o menino.
                —Diga para as duas que sigam seus sonhos porque fizemos isto e aqui estamos. —respondeu Jeff se recompondo.
                —Lá vai o sonhador... —brincou Ross. Drake olhou sutilmente a hora em seu Pokegear.
                —Vou indo pessoal, fiquei de encontrar meus amigos. Nos vemos logo. —despediu-se ele, sabendo que no dia seguinte ou ainda no mesmo os encontraria.
                —Viu, assustou o garoto com esse negócio de “sonhar”. —disse Ross com desdém.
                —Os sonhos são os responsáveis por mover os seres vivos, meu caro amigo. Não estaríamos aqui se não os estivéssemos. —respondeu.
                Naquele momento um som de porta fora ouvido, e os três acompanharam a entrada da sala. Um homem adentrava o local enquanto se abanava e tomava fôlego. Possuía um casaco marrom longo e um chapéu cobrindo o rosto, de forma que tentasse se disfarçar e tornasse-se mais característico.
                 —Com licença, desculpe atrapalhá-los. —o homem ainda jazia segurando a porta.
                —Senhor L, entre por favor. —pediu Jeff fazendo um movimento com os dedos para que se aproximasse, mas o homem parecia preocupado.
                —Precisamos conversar. —disse ele por fim de forma que os três se entreolhassem assustados.

3 comentários:

Dac disse...

Incrível!
Então já deu para ver que será algo épico o combate entre a Lilly e a Chryssa(bem como a Sarah disse:Duelo de Titãs!), embora esteja longe, eu acho. Então foram revelados os companheiros de viagem do Nolland quando jovem? Gostei muito do Hudge(que truques mais bizarros!) e do Ross(estou imaginando a Sarah enfrentando-o na elite).Interessante o L ter estar relacionado com a elite 4 de Ethron.
OBS:Seria bem interessante um especial com o Jeff, o Nolland e o Ross mais novos viajando por Ethron mais novos.

CanasOminous disse...

Opa, a Elite! Certamente, por onde passa ela acaba se tornando surpreendente. Tem algumas celebridades por aí que prevejo algumas batalhas épicas no futuro, como a Chryssa e a Lilly, por outro lado, fico ainda imaginando como seria se fosse o Drake como treinador. Você disse que quando criou a fic ele seria um treinador, e isso traria uma batalha surpreendentemente épica no final, mas ainda não consigo imaginar a Lilly fazendo isso. Adoro ela como personagem, mas ainda tenho dificuldades em vê-la alcançando um cargo tão grande, quero ver como você pretende torna-la a melhor treinadora da região, e com um especialista analyzer do lado aposto que ela fará bonito (:

Ah, e por sinal, o Elite Ghost foi uma forma bem legal de interligar com aquele velho especial e que um fantasma aparecia. Não me lembro o número, mas lembro-me quando você disse que em um futuro bem distante ele seria importante, e interligá-lo dessa maneira foi bacana. Imagino que cada um dos personagens que apareceram terão alguma ligação com os respectivos protagonistas que o encontraram. O Ross já seria o eu preferido, votei nele como o mais legal antes de ler o capítulo, e não me decepcionei kkk Mas de forma geral, os dois caras que compõe as duas últimas casas foram bem legais, o Jeff tem bem aquele estilão antigo do Nolland, e também lembra personagens que vem de uma época próxima. Toda a Elite ficou muito bacana companheiro, e agora, pelo que vi dos próximos capítulos me parece que eles também aparecerão bastante. Isso será bom para o pessoal pegar maior intimidade. Foi muito bacana conhecer mais esses personagens, mas garanto que a estadia no cruzeiro será ainda melhor.

Haos Cyndaquil disse...

Hey Canas õ/ Ehh man, essa parada da Lilly sinceramente eu não o culpo porque para ser sincero até eu acreditava que o Drake faria melhor este papel. Porém, eu diria que no capítulo 25 ela teria uma aparição mais especial nesse quesito, então podemos dizer que a verdadeira Lilly nas batalhas começa por aí.

É como você mencionou sobre a Marine, demora tempo e dúvida, mas quando chegamos a algo que planejamos introduzir dá uma grande felicidade, e a revelação dele acabou por render um bom encontro ^^

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