sábado, 11 de agosto de 2012


                As nuvens cobriam o céu com uma camada negra, enquanto que rajadas ventos castigavam aqueles que caminhavam por Insecta Island. Uma tempestade grandiosa poderia surgir a qualquer momento, porém Drake parecia estar com algo em mente. Seria tecnicamente o último dia na ilha, então deveriam aproveitar. Porém o tempo não era dos mais agradáveis.
                O quinteto andava pelos corredores arrumados do cruzeiro Island Star, pelos carpetes rubros e janelas que davam vista para o mar, que não estava também em seus melhores dias. Outras permitiam a visão para a ilha dos insetos, e até o que parecia também não havia muito movimento.
                —E então, o que vocês querem fazer hoje? —perguntou Lilly com os braços cruzados na nuca.
                —Lembra que a Debbie disse que tem uma flor que evolui o Eevee para Beetleon? —perguntou Drake, mostrando um mapa. —Quero procurar ela.
                —Tem certeza que quer mais um tipo inseto? —questionou Sam, desconfiado. —Digo, você já tem a Lepidler.
                —Absoluta, —assentiu ele. — vamos procurar.
                —Eu não te aconselho a fazer isso, pode cair uma tempestade a qualquer momento. —observou Chad.
                Drake por um instante parou para olhar a janela. Realmente não seria muito agradável uma tempestade daquele porte que aparentava, assim o ideal seria ficarem em um lugar seguro, mas por ser o último dia na ilha não haveria muito o que fazerem no cruzeiro.
                —Eu vou com você. —disse Sam, para ajudar o amigo caso fosse necessário.
                —Preciso resolver umas coisas, vou ficar por aqui com a Sarah. —completou Lilly.
                O grupo se despediu. Chad estaria em alguma loja dentro do navio, procurando o que usar para enfeitar seus Pokémons durante seu Contest. Lilly e Sarah também estariam do lado interno, enquanto que Drake e Sam desciam as escadas do cruzeiro, para fazer uma última exploração no lugar.
                —E aí, fófis? O que pretende fazer? —perguntou Sarah.
                —Estou procurando alguém, pode me ajudar? —perguntou ela olhando para os lados. —Vish, o Derek não apareceu, milagre?
                —Nem me fale nesse... Nesse... Ah, nem te digo o que ele fez comigo! —praguejou ela cerrando os punhos e apontando para o céu.
                —WHAT? Peraí, vamos por partes... Também, você sai por aí com essa saiazinha curta, queria o que?
                —Ein? Não, não, não é isso sua maliciosa! —replicou ela fazendo um sinal negativo. —A Debbie só aceita um desafio por dia, e ele foi batalhar hoje antes de mim, sabendo que o Ginásio amanhã será fechado.
                —Espera, mas e como vai ficar sua batalha? —perguntou a garota parando de andar.
                —Vou ter que ficar, né? —respondeu ela descontente. —Por sorte o Contest do Chad também será depois de amanhã, então pelo menos ficamos juntos.
                —Mas o navio sai amanhã. —observou a menina.  —E agora?
                Uma voz podia ser ouvida de longe, com um tom sábio.
                —Na verdade, o Island Star só deixará a ilha depois de amanhã, no período matutino. —informou Jefferson.
                —Senhor Jefferson, era você que eu estava procurando! —disse Lilly sorrindo. —Eita, como assim?
                —Amanhã ocorre um fenômeno natural que é mais bem visualizado em lugares próximos do mar, e nesta ilha ficaríamos perfeitamente posicionados. —explicou.
                As duas se entreolharam, confusas.
                —De qualquer jeito o Contest do Chad é de tarde.  —reclamou Sarah. —Mas o que tem amanhã?
                —O famoso arco-íris noturno, um evento que ocorre de tempos em tempos, raro como um eclipse. —respondeu ele.
                Agora as duas se entreolhavam mais confusas. Lilly soltou um comentário, com uma voz um pouco óbvia.
                —Até onde eu saiba precisa de sol para um arco-íris.
                Jefferson sorriu, chamando as duas para uma sala. Os três adentraram um local que certamente seria um quarto para o membro da elite, com um piano de um dos lados e vários documentos perfeitamente organizados nas prateleiras, acompanhadas de livros.
                —Sim, mas não me perguntem como acontece, apenas acontece, —respondeu Jeff sem colocar um pingo de sentido em suas palavras. —e dizem que é sinal de boa sorte. Acho perfeito para uma festa na cobertura, não concordam?
                As duas assentiram, embora não muito confiantes. Seria um fenômeno belo, mas era praticamente impossível de acontecer. Se Chad ou Sam estivessem lá começariam a discutir apontando o lado científico da coisa.
                —Senhor Jefferson, posso lhe fazer uma pergunta? —disse Lilly limpando a garganta. — Não era você que eu encontrei em Funment City? Que me aconselhou em um Shopping?
                —Uma excelente memória, minha cara. —respondeu o homem fazendo uma pirâmide com os dedos, enquanto que se acomodava em sua cadeira favorita, indicando outras duas para que as amigas se sentassem. —Sim, era eu mesmo.
                —Como sabia tanto sobre mim?
                —Eu sei muito sobre as pessoas, minha jovem. —concluiu o homem, esboçando um sorriso. —Sei muito quando necessário, se não certamente teria sido morto.
                —Vish. —disse Sarah, com uma voz surpresa. —Uma mulher fazendo batalhas em cima de árvores, e agora um estilo de batalhas mortífero.
                Jefferson não sabia se ria ou se chorava, ainda tinha esperanças de que fosse uma brincadeira, mas a mente de Sarah não era daquele tipo. Lilly fez um sinal discreto para que ignorasse o comentário e prosseguisse.
                —Não é isso que quis dizer. —respondeu o homem tocando a parte de cima do nariz com o indicador e o polegar.
                —Ahn... Obrigada, seus conselhos me ajudaram bastante. —disse Lilly se lembrando daquele dia.
                —Não achei isso quando soube de sua reação ao perder o torneio. —protestou ele passando os dedos pelo fino bigode.
                —Caramba, Ethron inteiro ficou sabendo? —murmurou ela.
                —Já disse, eu sei muito sobre as pessoas. —repetiu ele. Era uma conversa de loucos, um não sabia o que o outro queria dizer.
                Lilly decidiu não continuar discutindo. Seria o melhor a se fazer, Jefferson era uma pessoa misteriosa, e ainda não havia os contado ser o chefe da polícia internacional, inclusive chefe de L. O homem remexeu algumas coisas em uma mala, pegando um objeto oval. Um ovo Pokémon, o polindo com um pano fino.
                —Observem. Não é lindo? —suspirou ele movendo o ovo, o examinado em todos os detalhes com um olhar agradável. —Está simples forma oval representa o início de um ciclo.
                Da forma que o mesmo falava, era possível mesmo imaginar aquilo. Parecia algo simples e comum, mas aquele ovo continha uma vida, um Pokémon, que poderia ser o que seu mestre quisesse. Se Chrominus quisesse, seria muito saudável quando crescesse.
                —Que tipo de Pokémon é, senhor Jefferson? —perguntou Lilly com uma voz curiosa.
                —Está mesmo curiosa para descobrir? —questionou ele com um sorriso confortante. Pegue o ovo.
                —Sério? Pra mim? —perguntou a menina, surpresa, sem nem saber como segurar aquele objeto.
                —Tá louco? Ela vai quebrar o ovo e fazer omelete antes que você possa dizer “devolve”! —gritou Sarah, recebendo um olhar fuzilante de Lilly. —Digo, que legal, você vai cuidar muito bem dele.
                —Sim, Lilly. Tenho certeza que será um ótimo Pokémon para seu time, —concordou ele, ignorando o último comentário de Sarah embora não tivesse conseguido conter o riso. — mas só lhe dou com uma condição.
                —O que quiser. —prontificou-se ela.
                —Ele irá me enfrentar quando você chegar à minha sala da elite. —falou Jefferson.
                Lilly olhou para o ovo, com as sobrancelhas caídas, como se fizessem todo o esforço para se levantarem. Ela comentou, com uma voz fraca:
                Se eu chegar, né? —até enfim se lembrar da experiência com seu reflexo.
                —Talvez você não confie em si mesma, minha cara. —aconselhou ele. —Mas você tem mais potencial que pensa. Você é... Especial... Sonhe, confie em si mesma, e não tenha dúvidas que será aquilo que desejar. O mesmo para você, Sarah.
                Já era hora, né? Tava me sentindo um enfeite de mesa ouvindo essa conversa. Foi o que Sarah pensou, mas se limitou a dar um sorrisinho simpático.
                —E se conseguir, entregue para Sam e Drake, diga para que entreguem no Day Care Center quando chegarem. —pediu ele entregando um pequeno cartão.
                Os três prolongaram o assunto. Jefferson era sábio, e ainda poderia compartilhar muitas dicas com Lilly e Sarah, de forma que as duas aproveitassem a situação. A menina encarava o ovo, pensando como seria ser uma ‘mamãe’ por um tempo. Em questão de minutos ela quase derrubara o ovo duas vezes, de forma que Jefferson já não contasse que aquele Pokémon um dia o enfrentaria.
Chad adentrava o elevador do cruzeiro, apertando o botão e em seguida aguardando. Uma música animada tocava, enquanto que um ar tranquilo e fresco rodeava o cubículo. Após as portas se abrirem notou o andar de cima, onde não pretendia estar, porém possivelmente teria apertado o botão errado. Havia várias piscinas, e aquela cobertura deveria ser um dos lugares mais belos para se ficar e nadar nos dias de sol, embora aquele ar frio não fosse tão agradável. Vários funcionários faziam arrumações, como se preparassem para uma festa. Nolland coordenava tudo.
—Senhor Eavans?
—Chad, o que faz aqui? —Nolland tentou não ser rude, mas acabou deixando mais explícito do que queria que não desejasse a presença de nenhum hóspede naquele instante.
—Estava apenas de passagem na verdade, não pretendia passar por aqui. —admitiu ele.
O garoto se retirou, porém parou a pedido do campeão.
—Venha, vamos tomar alguma coisa. —pediu o homem. —Estou preparando aqui para a festa de amanhã, espero contar com a presença de vocês.
—Não há como citar festa sem me citar, senhor Nolland. —brincou ele. —Sou apaixonado por folias e comemorações.
Nolland riu, enquanto que o garoto bebia um suco de uva. Nunca tivera muito contato com Chad, mas a falta de aproximação com o filho o fazia acreditar que ele era um dos melhores amigos de Drake, embora fosse bem o contrário.
—Sei que quer ser um Top-Coordenador também. —lembrou ele. —Espero o ver lutando contra meu filho em uma batalha épica.
                Chad assentiu, contente. Embora não tivesse tanta amizade com Drake, não poderia “ferir os sentimentos” do campeão, então apenas aceitou e esticou as conversas.
                —Tenho que me desculpar pelo incidente no SPA Águas Turbulentas, eu também fui culpado. —comentou ele.
                —Águas passadas, meu querido. —disse. —Vamos esquecer isso agora, temos de olhar para frente.
                O garoto topou, agora se virando, notando o mar parecer se preparar para um ataque surpresa. Porém a brisa fresca os acalmava, e estando seguros no cruzeiro não haveria problemas.
                —Como é ser o campeão? —Chad fora interrompido por um chamado para o celular de Nolland.
                —Desculpe, Chad, só um instante.
                Ele concordou, tomando mais um gole de seu suco de uva. Nolland parecia falar com alguém do próprio navio, algo sobre “permitir a entrada”. Quando se deu conta, Rose surgira, guiada por um funcionário do cruzeiro.
                —Mocinha, se não fosse minha nora eu não lhe abriria essa exceção. —disse Nolland, quebrando uma regra de que tecnicamente aqueles que não estavam hospedados não poderiam entrar no cruzeiro.
                Rose corou por um instante, tentando disfarçar.
                —Obrigada, senhor. —agradeceu ela.
                —Já chegaram a batalhar contra o Drake? —prosseguiu Nolland tentando saciar todas as dúvidas e ficar a par da atualidade de seu filho.
                Os dois fizeram que sim com a cabeça, dizendo tímidos que haviam o vencido nos Contests. O campeão ficara meio sem graça, de forma que acreditasse pelo último torneio que Drake era um dos mais poderosos Coordenadores atuais.
                —Ele tem grande potencial, é um exímio batalhador, —disse Rose, diminuindo o tom da voz. —mas leva mais jeito para batalhas que para Contests.
                Nolland não tinha como discordar, depois de ver o Abomasnow do filho derrotar praticamente todos os oponentes sem dificuldades. Isso o orgulhava de certa forma, mas sabia que se o objetivo de Drake era outro não adiantaria muito.
                —Senhor Nolland, o que aconteceu com o Drake em Snowpoint? —questionou Chad.
                Nolland estremeceu.
                —Eu também gostaria de saber. —murmurou ele. —Desde que meu filho voltou, não tocou muito no assunto, parecendo o evitar.
                —O que tem, Snowpoint?
       —Quando a grande catástrofe de Ethron ocorreu, eu pedi que minha família se mudasse temporariamente. —explicou ele. —O único barco era para Snowpoint City, e mesmo quando eles retornaram, Drake quis continuar estudando com a líder de ginásio de lá, Candice.
                —Por isso ele adora Pokémons tipo Ice, não é? —sorriu Rose recebendo um aceno positivo.
                —Sim, estudou bastante, se dedicou, porém não quis as batalhas. —ponderou ele. —Primeiro porque parece que sofreu algum trauma lá, e segundo porque tem uma promessa desde criança de ser o maior Top-Coordenador do mundo.
                —Melissa… —suspirou Chad sem que pudesse ser ouvido pelos outros dois.
                Sarah e Lilly agora estavam no último andar, como se procurassem Chad e tivessem acabado de encontrar Rose. Sarah não havia ficado muito contente em notar a garota ao lado de seu companheiro de viagem.
                —Tira as mãos dele, sua…
                —Garota que atrai outros meninos como uma luz atrai mariposas? —murmurou Lilly.
                —Isso! —gritou ela.
                —Não se preocupe Sarah, ela é só minha amiga e rival. —dizia Chad tentando acalmar a loira que parecia pegar fogo.
                —Odeio quando vêm outros peixes se aproximar da minha minhoca! —resmungou ela rangendo os dentes, por mais estranho que aquela frase soasse, que para a mente maliciosa de Lilly era algo que a fez gargalhar.
                Rose se mantinha calada em seu canto, com um pequeno suco de laranja, decorado com um canudo longo e uma fatia da fruta na borda do copo. A cena era divertida, embora apenas amigos Sarah e Chad eram totalmente próximos, o que os fazia parecer um casal. Até Nolland dava risadas.
                —Tem algum palpite sobre que Pokémon pode sair do meu ovo, senhor Nolland? —perguntou Lilly curiosa.
                —Qual ovo, minha querida? —perguntou ele, calmo.
                A garota olhou para baixo, notando um vazio entre seus braços.
                —Nossa, tava aqui agora mesmo. —comentou ela, como se fosse a coisa mais normal do mundo. —Onde será que ele foi?
                —WAH! Eu disse que você ia acabar perdendo ele! —gritou Sarah. —Ovos não andam, querida!
                As duas começaram a correr de um lado para o outro, dando uma cabeçada ao se encontrarem. Agora todos riam ainda mais, recebendo uma praga de Lilly. Jefferson saiu do elevador, com o ovo em mãos, o que as tranquilizou.
                —Lilly, minha cara, estou quase me convencendo de que te dar um ovo não foi uma boa ideia. —comentou o homem na verdade já convencido daquilo.
                —Ovo danado —disse ela estapeando fracamente a casca do ovo. —Quase me matou do coração! Da próxima vai ficar de castigo.
                —Castigar por tudo não é uma qualidade dos bons pais, Lilly. —sorriu Nolland, recebendo um olhar esquisito e profundo.
                —Engraçado, o meu sempre foi diferente. —disse ela simplesmente, com uma voz diferente da habitual. Parecia que Lilly havia saído daquele corpo, e alguém frio entrado no lugar.
                Uma forte ventania soprou na cobertura, anunciando a chegada de uma tempestade a qualquer momento. As nuvens negras se uniam ainda mais, deixando o céu tão escuro que parecia uma noite de lua cheia. O dia já não era mais tão agradável.
                —Veshe, que breu. —comentou Sarah.
                —Uma grande tempestade está vindo por aí. —concluiu Jefferson.
                —Espero que o Sam e o Drake fiquem bem. —disse Chad.
Sam e Drake caminhavam pela ilha, agora já adentro de uma floresta. Era um clima tropical e calorento, embora as nuvens de chuva perturbassem Sam de forma que o mesmo ficasse constantemente olhando para cima. Era um lugar peculiar, mantinha presença de Pokémons de outras regiões, mas mesmo assim eles não pareciam se incomodar, visto que era raros humanos saírem por aquelas bandas. Além de ser proibida qualquer captura.
Havia Paras e Parasects em meio às folhas, de forma que pudessem ser confundidos facilmente com cogumelos normais. Surskits usavam suas patas finas para deslizar pelas águas de rios ou lagos, enquanto que Masquerains passavam por cima deles. Yanmas sobrevoavam as árvores e as plantas batendo suas asas em velocidade tão alta que quase não era possível de notar o movimento se não fosse pelo zumbido. Ariados e Spinaraks caminhavam pelas árvores altas, só aguardando suas presas em suas teias. Wormadams e Burmys jaziam pendurados nos galhos de forma pacífica. 


Sam parecia maravilhado, fazendo várias anotações, que para um Analyzer que nunca saíra de seu continente era uma oportunidade única de conhecer Pokémons daqueles. Os dois haviam feito uma parada, enquanto que Drake fazia o possível para se orientar o jovem aproveitava a situação. Se soubesse que seria assim já teria feito aquela exploração desde que havia chego à ilha. De repente um trovão estourou no céu.
                —É melhor corrermos, —aconselhou Sam. —uma tempestade está se aproximando!
                Os dois partiram em disparada. Exatamente naquele momento a chuva começou. Pancadas de água caíam do céu, como canivetes prontos para perfurar a alma de quem estivesse exposto àquela tempestade. Um castigo dos deuses, que com ventos fortes balançava a copa das árvores ao redor, parecendo querer destruir a ilha. Drake acabara rasgando uma das mangas de sua jaqueta em um galho baixo, mas isso era o de menos naquela situação. —Os dois enfim chegaram a uma das pontas da ilha, onde já havia areia e o mar, como uma pequena praia. Poderia ser aproveitado se o mar não estivesse tão agitado naquele instante.
                —Meu Chrominus. —disse Sam observando o lugar, não conseguindo avistar nenhum sinal das construções próximas do cruzeiro Island Star. —Onde estamos agora?
                —Posso ser sincero, Sam? Eu não sabia onde estávamos desde que começamos a procurar. —disse ele, tirando o cabelo molhado da testa.
                —Quê? Eu pensei que você sabia se localizar. —protestou o outro incrédulo.
                —É que essa bússola é muito confusa. —respondeu Drake coçando o queixo e procurando o objeto circular. —Ela fica se mexendo, como eu posso me orientar?
                —É claro que ela se mexe! —resmungou Sam, fazendo uma pequena pausa quando um trovão soou no céu. —Ela vai apontar para o norte em qualquer posição que você estiver.
                —Vish. 
                Os dois pararam por um instante. Não dava para piorar. Se certificaram de ficar longe da maré, tentando encontrar algum lugar embaixo de uma árvore para permanecerem até a chuva parar, porém as gotas grossas de água caíam com força, de forma que pudessem imaginar que não acabaria tão cedo. Drake correu os olhos pela praia, avistando algo que fez seu coração quase sair pela boca.
                —Olha lá!
                Os dois correram, ao ver que se tratava de um humano caído nas areias da praia. Poderia ter sido levado pelo mar, ou então adormecera ao se perder. Porém viram que era apenas uma garota, protegida por um capuz como se já se escondesse de chuvas ou ventos antes de cair desmaiada. Não era possível ver muitos detalhes, apenas que seu rosto era angelical, mas mantinha um ar diferente, não era uma beleza superficial.
                —Que garota bonita. —observou o jovem de cabelos azuis. —Será que eu devo fazer respiração boca a boca?
                —Nem pense nisso. —murmurou Sam colocando o braço em frente ao peito do garoto para que não avançasse.
                Ele tocou a testa da garota. Estava quente, muito quente. Parecia que em qualquer estado que ela tivesse a chuva forte teria sido o mais tranquilo para ela. Drake passou sua mão pelo seu rosto encharcado, enquanto que pensava no que fazer. O amigo tentou a tocar para que despertasse e pudessem a ajudar a deixar aquele lugar. Ela se levantou em um susto, assustando ainda mais os dois, que resultou em um grito triplo.
                Não parecia ser muito mais velha que eles. Tinha um rosto pálido, e olhos alaranjados atentos e curiosos, que não se mantinham parados por um segundo sequer. Os cabelos eram os que mais chamavam a atenção: ruivos e longos, e caíam para fora do manto que a cobria. 
                 —A profecia! —murmurou ela, se mexendo com força e pesadamente. —Eu preciso encontrar eles, os treze! O futuro do mundo!
                Os dois se entreolharam, observando por mais um instante aquela curiosa garota. Sam pousou mais uma vez a mão em sua testa febril, e a deitou na areia. O rosto encharcado da garota estava tomado pelo pânico, até enfim o garoto se pronunciar:
                —Se acalme, estamos em paz. Você está bem?
                —Acho que sim. —ela tocou a cabeça, que parecia pesar mil toneladas. Por um segundo notou o corte na manga de Drake, que realçava uma mancha. —A marca!
                —Ahh sim, é uma marca de nascença. —respondeu Drake indiferente.
          —Obrigada, Chrominus, eu consegui! —ela se sentou na areia, as mãos viradas para o céu e esboçando um sorriso de orelha a orelha, como se estivesse rezando. —Artione, eu consegui! Zaellis, reclame logo, por favor!
                —Qual seu nome, menina? —perguntou o Coordenador.
                —Eu sou Rachel. —respondeu ela com o mesmo sorriso, e uma voz forte. —Rachel Nightshade.
                —Prazer, Rachel. Hã… Eu sou o Drake, e este é o Sam.
                —Vocês precisam me ajudar. —implorou ela.
                —O que precisa? —questionou Sam, ainda tentando compreender a estranha garota.
                —Venham comigo. —pediu.
                Ela guiava os dois floresta adentro, e eles não pareciam nem um pouco contentes em retornar para aquele lugar. Ainda mais com aquela tempestade cruel, que já havia sido praticamente esquecida para o grupo visto que estavam enfrentando algumas condições piores. Ela apontou uma caverna, o que seria bom para se protegerem da chuva, visto que era coberta resistente. Pokémons insetos que preferiam áreas mais escuras ou rochosas como Scizors se mantinham próximos dali.
                Rachel os guiava, e Drake usava uma lanterna para que a procura fosse mais simples. Ela apontou com empolgação para uma parede, e havia uma linguagem ancestral, conhecida como a linguagem dos Unowns, de forma que Sam tivesse que procurar algum livro em sua mochila que mantivesse traduções para cada símbolo.
                —Estão vendo aqui? —apontou ela. —Leiam.
                Das três mil os treze surgirão. —leu Sam, ainda que com dificuldades. —A benção sagrada será ganha então.
                A grande guerra irão travar. —continuou Drake. —Até o monte desabar.
                Do sono profundo despertará. —prosseguiu ele. —E a paz restaurará.
                Os dois se entreolharam. A garota continuava a examinar a parede, tentando decifrar mais alguma coisa daquela linguagem antiga.
                —Odeio rimas. —concluiu Drake.
                —É uma bela… Poesia… —suspirou Sam.
                —É uma profecia, não consegue ver? —rebateu Rachel. —O mundo vai ser destruído!
                —Creio que não, Rachel. —tranquilizou Sam. —Já ouvi umas maluquices e alguns filmes que retratam o fim do planeta, mas não é o caso.
                —Não, não! —protestou ela, aumentando o tom da voz em desespero. —Estão errados, eu preciso... Os treze, eles vão...
                —Mas não se engane, você encontrou uma peça importante para historiadores. —continuou ele tentando parar de agitá-la. —Muitos dariam a vida para encontrar coisas ancestrais, e aqui temos um tesouro do passado. Meus parabéns.
                —Você não entende! Eu vou… Eles vão… O grande titã, não o esqueça! —gritou ela, desmaiando em seguida.
                Drake e Sam a seguraram, antes que atingisse o chão. Sam agora checava sua temperatura mais uma vez, retornando a mão correndo.
                —Ela está ardendo em febre. —concluiu o jovem. —Está delirando. Por isso deve ter falado estas coisas.
                —Deve ser uma pesquisadora perdida, e agora com a febre ficou louca. —supôs Drake. —O que faremos?
                —Levamos para o Pokémon Center. Não nos resta muito a fazer nesta ilha. —disse ele. —Isto é, se conseguirmos sair desta floresta.
                Após um sinal da enfermeira Joy a dupla subiu as escadas do Pokémon Center de Insecta Island. Drake carregava Rachel nas costas, e a deitou na cama de um quarto. A hospedagem já fora feita, e agora o plano era a deixar descansar e ficar sob o cuidado das enfermeiras, para que se curasse e só então continuasse… O que quer que fizesse.
                —E a gente deixa ela aqui? —questionou Drake desconfiado. —E se e ela deixou alguma coisa na ilha?
                —Ela está com febre, Drake, seria loucura a deixar neste estado sozinha. —explicou Sam. —Quando for possível, Rachel volta, mas agora é melhor ficar aqui.
                Os dois saíram, até que Drake dera uma última olhada e enfim fechasse a porta, com leveza. Ele tocou o ferimento em seu braço, que agora já estava melhor. Os dois estavam completamente sujos e encharcados por saírem naquela tempestade. O melhor agora era deixarem a menina descansar, e continuassem suas aventuras.
                —Ela parece diferente, né? As coisas que ela falou... Deu até um arrepio. —comentou o garoto esfregando os braços.
                Sam assentiu.
                —Também me assustei. —admitiu ele. —Então acho melhor irmos e deixá-la aqui.
             Agora com mais um dia para a grande festa no cruzeiro Island Star, nosso grupo se prepara para uma despedida entre eles. Cada um pretende tomar um caminho, e agora resta apenas uma comemoração. Mas e quanto Rachel? Essa garota poderia estar delirando, mas será que tentava dizer algo?

3 comentários:

Sandro disse...

PÔ Cara Perto Do Fim Parabéns.

CanasOminous disse...

Diga, Haos! Poxa cara, show de bola o capítulo, admito que muitas vezes prefiro a rotina do que só o esquema de batalha atrás de batalha, e nesse finalzinho você voltou acrescentando um roteiro fabuloso como uma prévia do que virá para a segunda temporada, acredito que seja possivelmente os lendários! :3 Tipo, o fato de Ethron ser uma região completamente nova nos dá a ideia do desconhecido, e aí começam a ficar todas as dúvidas à respeito dos treze e de toda essa profecia com a Rachel. Olha, mocinhas que caem do céu e começam a falar coisas estranhas são uma graça, fico imaginando se você a faria naquele estilo bem ingênua, que não conhece nada do mundo, mas de qualquer maneira creio eu que será uma personagem muito interessante se seguir viagem com o Drake e companhia. E ainda não tiro a moça de cabelos curtos da mente hein, não quer cortar o cabelo dessa, não? kkkkkkkk

Maluco, e que maldade colocar a mensagem dos Unowns, e depois colocar o significado logo embaixo!! Poxa, era pra deixar a gente adivinhar né, eu traduzi tudo pra só depois ver a mesma coisa embaixo, tinha que manter no segredo só para os profissionais kkkkkkk Well man, espero que toda essa tempestade, a profecia, e o mesmo clima agradável que você transmitiu nesse capítulo sejam interligados para encerrar essa primeira temporada com grande estilo. Vamos lá Haos, agora só mais um para terminar esta grande etapa! E depois, mesmo que a primeira parte esteja terminada tenho a impressão de que muuuuuito ainda vai acontecer só nessa segunda temporada. É, companheiro, acho que nossos próprios pensamentos crescem junto com a fic, e acompanhar esse seu desenvolvimento com Ethron está sendo uma grande alegria. Rumo ao episódio final! Abraços, Haos.

Haos Cyndaquil disse...

Olá gente! Quis aguardar para responder após a postagem do cap 27 para responder, então acho que não me surpreenderia se não lessem esse comment, mas de qualquer forma...
Sandro- Muito obrigado, cara! Em momentos importantes assim a ajuda do público é vital, então lhe agradeço. Bem, não sei se acompanha a estória há tempo ou se está começando agora, mas de qualquer jeito um "bem-vindo" oficial de Ethron :D

Canas- Kkkkk vamos ver cara, podemos cortar o cabelo da Rachel sim kkkkkk Ohh cara, sorry por essa tradução embaixo, não imaginei que isso fosse acontecer com alguém TT-TT é que nem todos são pró nessa arte da linguagem Unown (eu por exemplo tive que dedicar um tempo especial para fazer essa imagem kkkkkk) E nossa diva de cabelos curtos será o primeiro personagem a estrear na segunda temporada, esteja atento, ein? Hahaha abraços, Canas õ//

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