domingo, 13 de janeiro de 2013



                Medo. Angústia. Tristeza. Insegurança. Todos os piores sentimentos reunidos em uma só ocasião. Como podia, da noite pro dia, o mundo virar de ponta cabeça? Eu me pergunto isso até hoje, e se quer saber, não cheguei a uma conclusão. Foi tudo confuso. Foi triste. Foi desastroso. Foi a pior coisa que aconteceu para Ethron. Ninguém podia explicar com certeza o que aconteceu. Ninguém podia, e ninguém pode. Mas será que algum dia poderemos?

                Antes de falar tudo, eu acredito que deva me apresentar, certo? Meu nome é Drake Eavans, e atualmente tenho catorze anos. Nasci em Stylshon City, mas morei a maior parte de minha vida em Cyan Town. Muitas lembranças... Boas e ruins, tristes e alegres... Mas isso não vem ao caso agora.

                Me lembro como se fosse ontem... Estávamos eu, minha mãe e meu irmão, trancados dentro de nossa casa, com móveis como mesas e cadeiras atrás das portas, impedindo que qualquer coisa passasse. As janelas estavam presas, e cobertas por cortinas. Era o triste presente. Os Pokémons, começaram a agir estranhamente, atacando as pessoas e as cidades. Destruindo tudo que viam em seu caminho. Rondavam com expressões terríveis e olhos avermelhados as cidades, adentrando as casas das pessoas e as machucando. Muitos feridos... Alguns desaparecidos... Todos amedrontados. Eu estava chorando, abraçado ao meu irmão Andrew. Eu tinha apenas nove anos na época, e faltava apenas um mês para eu sair em uma jornada.
                Minha mãe encarava a janela por uma brecha nas cortinas. Meu pai ainda não havia chego em casa, e ela o aguardava. Meu irmão tentava me confortar, mas eu sentia seu medo. Observava seus olhos amedrontados, que se desviavam a todo instante, procurando segurança. Suas mãos me seguravam com força, como se fosse uma criança assustada segurando um urso de pelúcia. Ouvi passos e estremeci, mas minha mãe abriu a porta por uma fração de segundo, deixando meu pai entrar.
                Ele estava encharcado pela chuva afora, e tinha um ferimento no braço, feio. Foi suficiente para me aterrorizar, profundamente. Seus olhos eram mais assustados que os de Andrew. Minha mãe foi correndo fazer um curativo, mas ele não parecia preocupado com aquilo exatamente.
                —Não há lugar seguro no continente. —concluiu ele, para minha mãe.
                Uma TV mostrava as notícias. “Radio Tower destruída”, “Aurora City arrasada”, “Funment City sem funcionamento”. Tudo morto, sem vida. A tristeza e a melancolia eram passadas, os gritos dos cidadãos, os feridos eram deixados de lado... Era arrepiante. Imagino quantas mais crianças ficaram traumatizadas por aquilo. Como será que estavam meus atuais amigos naquela época? O que Lilly, Sam, Sarah, Derek e Chad faziam?
                —Alice, vamos para Funment City. —disse meu pai. —Vocês pegam um barco e fogem para outro continente, por algum tempo ao menos.
                —“Vocês”? —questionou Andrew. —E você?
                Meu pai pestanejou.
                —Eu terei de ficar aqui. —disse ele com pesar. —A elite ficará, e eu não posso ser diferente.
                Perguntei-me a utilidade de uma elite se não há com quem lutar. Você talvez se pergunte onde estavam os Pokémons de meus pais. Fugiram e nos atacaram. Não havia controle sobre nenhum Pokémon, e agora estavam todos perdidos em diversos locais. Por alguma estranha razão não acontecia em outros continentes, e esse era o plano de meu pai.
                —Não vai não. —protestou minha mãe. —Ou vamos todos ou ficamos todos.
                —De forma alguma. —reclamou ele. —Mas agora não é hora disso. Vamos, para o carro!
                Abrimos a porta correndo e fomos direto para o carro. Ele já estava quase destruído, como quem aguentara muitos golpes e caminhos arriscados. Durante a passagem pelas paisagens havíamos conseguido deparar-nos com diversos Pokémons, que com sorte éramos capazes de sobreviver. O carro sofria, seu motor revelando um som de desgosto e melancolia, mas era obrigado a trabalhar para nos levar à salvo para o porto.
                O porto de Funment City sempre fora agradável, com aquele ar marítimo e é claro que como criança eu era apaixonado pelos brinquedos daquela cidade. Agora a primeira imagem que me veio à cabeça havia sido destruída. Aliás, tudo estava destruído. Brinquedos, jogos, estabelecimentos... Mas o nosso alvo ainda funcionava, graças aos deuses. Meu pai correu e minha mãe assumiu o volante. Ele foi até uma casinha totalmente protegida, mas ainda sim a moça lá dentro parecia completamente assustada.
                —Uma passagem para... Qual o mais rápido? —perguntou meu pai.
                —Só temos para Snowpoint City agora, mas se quiser esperar…
                —Não, não, está ótimo. —interrompeu meu pai.
                Minha mãe levantou e me levou, junto de meu irmão, para perto de meu pai. O motorista do barco nos chamou, e vários Pokémons pareciam se aproximar. Fui tomado pelo terror. Meu irmão pulou comigo no barco, restando apenas nossos pais em pé. Ambos se entreolharam, preocupados. Deram um suave selinho, e seguraram suas mãos, como dois namorados.
                —É aqui que a gente se separa. —disse meu pai.
                Minha mãe rosnou.
                —V-você não entende? Eu não vou te deixar sozinho aqui. —protestou ela.
                —Sim, você vai.
                —E tudo que passamos, que vivemos… Vai jogar fora assim? —questionou ela.
                —Eu vou te telefonar todos os dias, vou rezar para vocês todos os dias, vou fazer de tudo para vocês. —garantiu ele.
                —Faremos o mesmo. —minha mãe soluçou.
                —Certo.
—Sobreviva. —implorou ela.
Agora ele levou minha mãe correndo para o barco, e o motorista deu partida. Meu pai nos encarava, e imagino que ele estivesse sofrendo muito com aquilo. Nós ao menos sobreviveríamos com muitas chances, mas ele estava quase se suicidando ao ficar. Toda a elite. Minha mãe fazia o possível para evitar, mas as lágrimas foram mais fortes que ela. As gotículas deslizaram pelo seu rosto pálido, deixando seus olhos esverdeados agora avermelhados.
Garanto-lhe: a pior coisa do mundo é ver sua mãe chorar. É como se a muralha que sempre te protegeu também tivesse fraquezas. Também tivesse sentimentos e também desmoronasse. Eu chorei, e apesar de tentar, Andrew também. Meu pai era apenas um pontinho longe, e Ethron mostrava que era realmente imenso. Custando, adormecemos.
...
                Fui acordado pela minha mãe ao chegarmos, enfim. Senti um frio percorrer meu corpo, algo que há muito não sentia. Abracei-me para manter o calor, e notei que estava diante de uma cidade de gelo. Pequenos flocos de neve deslizavam no ar até chegar ao chão. Eu podia tocá-los. A paisagem afastou os pensamentos ruins por alguns instantes.


Estávamos sujos, havia uma semana que não tomávamos um banho decente, visto que as criaturas destruíram empresas responsáveis por fornecer água, e as caixas de água também não estavam em bom estado.
Olhavam-nos como se fossemos zumbis, aquele encarar de lado com um toque de desprezo. Minha mãe nos guiava, os passos difíceis de serem concluídos com o piso de neve. Não estávamos sequer trajados para uma situação deste tipo. Não estávamos prontos para nenhuma situação. Os dentes de cima tocavam os de baixo em uma incrível velocidade, enquanto o resto do corpo tremia. Foi então que nós a avistamos.
A pele era tão branca como a neve, mas os olhos castanhos brilhavam. Tinha cabelos pretos e longos, amarrados em duas marias-chiquinhas, e vestia uma camisa branca, com uma fita turquesa amarrada acima do peito. Por mais frio que estivesse, ainda usava uma saia marrom, combinando com seus sapatos. Tinha um suéter azul amarrado na cintura. Era linda, ao menos aos meus olhos.

Ela nos fitou por alguns instantes, como se reconhecesse minha mãe. Caminhou normalmente até nós, como se a neve não afetasse seus passos mais. Não sorria, mas também não parecia fria. Quando apareceu, fez questão de perguntar:
Perdão, mas estão bem? —questionou.
Minha mãe negou com a cabeça.
—Não, querida, não estamos. —respondeu, enfim, a voz tremula. —Precisa nos indicar onde é o Pokémon Center. Por favor.
—De forma alguma. À este horário está lotado, levá-los-ei para minha casa, onde poderão se acalmar um pouco. —respondeu.
Minha mãe não confiava em estranhos. Mas acho que sua mente pensava: “O que mais pode acontecer?”. Aceitou, sem sequer nos perguntar o que achávamos. A moça nos guiou até uma pequena casa. Apesar do tamanho, era bela. Feita de material branco também, combinava com o ambiente.




Dentro era ainda mais acolhedor. Um piso de madeira, como de casas antigas. As paredes de cor creme, com pequenos quadros de paisagens ou flores. A sala, que normalmente é um dos maiores cômodos das casas não era muito grande, deixando claro que morava sozinha. Todos os móveis de cores claras, decorações pequenas, mas detalhadas, como se cada centímetro fosse feito com cautela.
Pediu para que nos sentássemos no sofá, e em alguns instantes preparou uma bebida quente para nos servir. Minha mãe já tivera seus tempos em Sinnoh, logo, já devia ter sido vista pela moça que nos ajudou. Tive minha hipótese confirmada ao perguntar:
Creio que já a tenha visto pela televisão. É coordenadora?
Minha mãe sorriu.
—Era. Minha época passou, mas fico feliz que tenha se lembrado ao menos disso. —disse. —Sou Alice Eavans.
A moça tocou a boca com as mãos.
—Esposa de Nolland, campeão da Elite de Ethron, estou certa? Perdão se estiver errada, não conheço muito sobre esse continente.
Assentimos, e acredito que tenha ficado feliz por ter encontrado a família de alguém com posição tão importante. Nossa cor já voltava, e o frio passava. Dentro era aquecido, e se as condições não fossem tão desagradáveis, teria sido muito aproveitável aquela situação. A dama apresentou-se como Candice, a Gym Leader daquela cidade, aparentemente chamada de Snowpoint City.
—Candice, tenho que agradecê-la por nos trazer aqui. —disse minha progenitora. —Tiveste de confiar em nós para que nos permitisse isso.
Candice pareceu titubear.
—Não confiava nas pessoas. —disse simplesmente. —Mas… Alguém me ensinou a confiar.
Sorrimos.
—Vamos, moçada, devemos levantar acampamento. —sorriu minha mãe.
—Não vamos ficar? —questionei, inocentemente. Ainda coro de lembrar que perguntei isso.
—Não, querido, vamos ficar no Pokémon Center até acharmos uma casa para nós, certo? —disse baixinho.
—Não é necessário, dona Alice. —interrompeu Candice. —Não vejo problemas que fiquem aqui. Digo, se não se importarem em dormir em sofás... Mas eu passo a maior parte do dia fora e moro sozinha.
Eu era novo demais para perceber, mas ela parecia querer mesmo que ficássemos. Como se ela não costumasse viver sozinha, embora o que tivesse dito. Minha mãe ficou um pouco receosa em aceitar a proposta. Morar com uma estranha era arriscado, mas ir ao Pokémon Center seria ainda mais problemático, pois não permitem quartos por muito tempo, e o período que ficaríamos na cidade era indeterminado.
Nos conhecíamos um pouco mais por termos conversado naquele pouco tempo, mas ainda éramos desconhecidos uns para os outros. Por fim, vi minha progenitora suspirar, aceitando.
Não há problemas mesmo, querida? —questionou, vendo que a resposta era negativa. —Agradeço muitíssimo pela sua oportunidade. Obrigada.
Eu e Andrew agradecemos também. Candice sorriu. Ainda era um pouco esquisito estar ali. Algumas horas atrás, nem sabíamos quem ela era. Minha mãe também estava desconfiada, mas decidiu ceder. Tinha certeza que ainda ficaria com a pulga atrás da orelha por causa disso, mas nada podia fazer.

Algum tempo depois...

Candice fechara a porta da casa, voltando de seu trabalho.
—Olá, querida. —cumprimentou minha mãe, da cozinha.
—Que cheiro excelente, dona Alice. —elogiou a líder.
—Hoje estou fazendo uma sopa para este dia frio. —explicou. —Espero que goste!
Não demorou muito para que Andrew também abrisse a porta, comigo e algumas sacolas.
Aqui, mãe, o que pediu para que comprássemos.
Mais ingredientes, itens de casa... Não sei o que Candice achava, mas ela parecia sorrir com aquilo. Eu não a conhecia muito bem, mas nas poucas semanas que estávamos lá não havíamos visto telefonemas familiares, nem românticos. Quando disse que era sozinha, acho que ela simplesmente falou a verdade: sozinha mesmo.
Não sei como eram seus pais, mas pude sentir que ela tinha, finalmente, um deslumbre de uma grande família. Confusões, as briguinhas típicas e brincadeiras. Minha mãe cuidava da casa em tempo integral, mas ainda tinha uma quantia de dinheiro que trouxera de Ethron. Eu e meu irmão a ajudávamos, e Candice podia trabalhar tranquila. Quando voltava, a casa estava um brinco, a comida quentinha, e tudo comprado. Era tão grata para conosco quanto nós para com ela.
...
Até que, um dia, ela virou-se para mim:
—Gostaria de conhecer meu ginásio?
Assenti. Fazia tempos que não me deparava com qualquer batalha, treino, ou derivado. Minha mãe apenas pediu para que eu me divertisse. Andrew estava estudando. Havia pouco tempo que desafiara nosso pai na Elite, após conquistar todas as insígnias e passar pelas demais casas. Infelizmente, fora derrotado. Agora se preparava para o que quer que pudesse ocorrer, e qual fosse sua próxima aventura.
Fomos até uma construção, bela, sem dúvidas. Tinha uma grande placa indicando ser o ginásio. Ao entrar, o primeiro local que vi foi um Hall, com um pequeno escritório no qual logo que chegou foi checar. Telefonemas, cartas, e-mails... Várias pessoas no recinto a saudaram, como se fossem seus discípulos. Anunciaram desafiantes que estavam agendados para o dia, mas apenas pediu para que parassem um pouco e me mostrou a arena.
Fiquei boquiaberto. Composto de um piso de gelo como o de patinação, neve em vários cantos. Pokémons de gelo treinavam incansavelmente, um tipo o qual eu podia contar nos dedos quantas vezes vira. Aquilo me atraia, por uma diferente razão. Me mostrou todos os lugares, com um pouco de orgulho. Seus discípulos pareciam surpresa por ver que estava contente em mostrar-me tudo. Eu estava maravilhado, com aquele campo de batalha gélido.
Gostaria de conhecer meus Pokémons? —perguntou.
Fiquei tão empolgado que acabei grunhindo ao invés de responder. Ela sorriu meigamente, e atirou quatro Pokéballs par ao alto, revelando seu time. O primeiro era grande e imponente, um Abomasnow enorme e poderoso. O segundo, uma pequena dama de gelo, que flutuava com tanta facilidade que parecia que seu corpo era oco, Froslass. O terceiro era um imenso mamute marrom, Mamoswine, e o quarto era uma criatura negra, com adornos feitos de espécies de penas vermelhas e uma joia em sua testa, Weavile.
Fiquei encarando cada um. Ainda me lembro da sensação de conhecer cada uma daquelas criaturas, que para mim eram diferentes e adoráveis. O tipo Ice é um dos mais escassos por precisarem de ambientes certos pare viverem, e por isso eu não costumava os ver vivendo sempre em locais quentes ou movimentados.
O que achou deles? —ela sorriu belamente de novo.
Elogiei. Ela riu, nunca parecia ter visto alguém tão empolgado. Um adversário chegou, e pediu uma batalha. Com seu cargo, não poderia negar, obviamente, então aceitou com simplicidade. Mencionou as regras e se dirigiram ao campo de batalhas.
...
Restava apenas um Pokémon para cada um. A linda dama de gelo liderava seu Abomasnow, enquanto que o oponente usava um Lucario. Ambos muito bem treinados, e aparentavam estar um pouco cansados também. O garoto adversário proferiu:
—Swords Dance.
Lucario fez movimentos estranhos, como se empunhasse espadas e as afiasse umas nas outras. Eu não fazia ideia do que aquilo havia feito, mas Candice parecia preocupada. Ordenou para que a criatura das neves usasse Blizzard, que acertou Lucario. O Pokémon, em seguida, correu em uma grande velocidade para Abomasnow, e utilizou Force Palm, que quase derrotou Abomasnow completamente. Algumas raízes surgiram e forneceram um pouco de energia para este, que antes havia usado o golpe Ingrain.
—Earthquake! —gritou Candice.
Abomasnow preparou os braços, e golpeou o chão com toda a sua força, fazendo o chão de gelo até mesmo quebrar-se em algumas partes. Caí no chão pelo tremor, assim como o treinador adversário, e até Candice teve que se segurar. Lucario caiu com o impacto, assim como vários pedaços de gelo presos ao teto lhe atingiram após se desprenderem com o tremor, derrotando-o.
O menino parecia completamente confuso com a derrota. A moça viu-se em frente ao oponente, e cumprimentou-o, agradecendo pela batalha. O outro lhe cumprimentou, embora não muito contente pela derrota. Saiu do ginásio pisando duro, e eu fiquei eufórico com a vitória.
Foi incrível! Ele chegou, e você acertou, daí ele tentou de novo, daí você atacou...
Ela riu novamente. A batalha havia demorado mais que o previsto, e era hora do almoço. Voltamos para sua casa, e minha mãe já havia preparado uma nova refeição, que cheirava muito bem logo de fora da casa. Sentamo-nos à mesa, e começamos a degustar o almoço.
—Como foi hoje, Candice? Muitos desafiantes? —brincou minha mãe.
A moça sorriu e respondeu apenas de sua última batalha. Claro, eu a interrompi para falar da proeza que havia concluído, da excelente batalha que tivera. Ela riu, humildemente, e minha mãe a elogiou. Meu irmão estava quieto, como se maquinasse um conjunto de pensamentos desde que saíra para estudar um pouco.
...
Um ano havia se passado desde nossa chegada em Snowpoint City. Falávamos com nosso pai pelo computador de Candice diariamente, e ele havia nos dado a notícia que estava tudo acabado. Num bom sentido. Ou melhor, estava tudo destruído, não havia uma construção de pé. Mas os Pokémons pararam de agir estranhamente, afinal de contas, nos últimos tempos. Aguardou algumas semanas para nos dar a notícia finalmente, e disse que era seguro voltar. Estavam reconstruindo tudo, era algo que o governo deveria quebrar a cabeça para concluir como bancar tudo, e como símbolos do continente, a Elite os ajudaria em partes destinadas para batalhas, como ginásios, estádios...
Eu e Candice voltamos do ginásio. Eu ia diariamente com ela, acompanhava suas batalhas e voltávamos. Ajudava no ginásio, atendendo telefones, pegando cartas e a mostrando, e tudo o que podia. Recebemos a boa notícia, e Andrew recebeu também logo que voltou, alguns instantes depois de entrarmos.
Que maravilha! Podemos voltar, afinal de contas! —sorriu minha mãe.
Candice ficou contente por nós. Queria que voltássemos, mas também queria que ficássemos. Não podia dizer, mas basicamente era como se tivéssemos nos tornado uma família naquele ano. Fora um ano sem dúvidas maluco, tanto para ela quanto para nós. Mas não poderia nos impedir. Voltamos a arrumar malas (Sim, havíamos comprado várias coisas por lá e agora tínhamos até malas!).
—Hm… Mãe… —disse.
O que, meu querido?
Fiquei receoso.
—Eu poderia… Ficar por aqui?
Ela arregalou os olhos, se virando.
—Com quem?
—Com a Candice. Quero aprender mais com ela, como todas as pessoas que ela ensina no ginásio.
Ela mediu minha temperatura, como se eu estivesse louco.
Filho, agora você pode sair em uma jornada! Pode voltar! E Candice não tem condições de cuidar de você, é ocupada com seu cargo.
—Eu sei que posso sair na minha jornada. —disse. —Mas vi com ela que ainda há muito para aprender, para descobrir… E quero que ela me ensine o que sabe.
Candice surgiu,como se tivesse acompanhado o diálogo. Achei que brigaria comigo, ou que negaria, mas simplesmente disse:
—Por mim não há problemas, dona Alice.
Minha mãe ficou confusa.
Filho, pode nos dar uma licençinha? —pediu.
Saí e fechei a porta, mas fiquei ainda ouvindo. Não era tão nítido o que falavam, mas ainda podia entender:
—Querida, confio muito em você… Mas há condições de cuidar dele?
—Em minha opinião —ela disse. —há. Enquanto ficaram aqui… Me ensinaram muita, muita coisa, dona Alice. Eu não... Não tenho contato com minha família, infelizmente. Vocês foram minha família, e sou grata por isso. Há muito tempo que não tenho alguém cuidando de mim como vocês.
Ela era forte, não demonstrou nenhuma lágrima, por mais pesado que fosse para ela dizer aquilo. Minha mãe parecia ter sido enfeitiçada por suas palavras, não imaginando como negar meu pedido. Me amava, não iria para outro continente sem mim. Mas sabia que teria de me soltar para o mundo algum dia, seja em Ethron, em minha jornada, ou lá.
—Faça-o prometer que ligará todo dia! —brincou.
—Claro. —concordou.
Naquele momento ouvi passos, e me distanciei da porta. Andrew entrou no quarto, pegando-as de surpresa. Parecia um pouco hesitante, como se estivesse tomando uma importante decisão:
—Mãe, decidi fazer uma jornada em Sinnoh. —disse, por fim.
—Ora essa, querem me deixar sozinha?! —protestou, rindo.
Quero enfrentar o pai novamente. —garantiu. —Mas antes disso, quero estar preparado.
Ela sorriu, compreendendo.
—Tudo bem. —assentiu.
Passamos um bom tempo nos despedindo. Minha mãe deu qualquer instrução necessária para Candice, embora ela não precisasse. Nos conhecíamos muito bem, depois de tanto tempo. Por fim, vi minha mãe aos poucos desaparecendo no barco. Meu irmão também saía, a passos largos. Cada um seguiria seu caminho, e eu também. Ethron não sairia do lugar. Quando estivesse pronto, eu sairia em uma jornada, e teria de tudo para ser o melhor Top-Coordenador.
Eu e Candice estávamos sozinhos, então disse:
—O que faremos?
—Corrida de cinco quilômetros. —ela disse.
— O quê?
—Vamos, discípulo. E é bom não parar antes, ou vai ter que correr o dobro amanhã. —disse, as sobrancelhas franzidas, mas com um sorriso no rosto.
Sorri, e saímos correndo na neve.

Notas do Autor

Deviam estar esperando, claro, o capítulo 36. Acontece que ele desapareceu (isso mesmo, desapareceu). Pesquisei, tentei abrir várias vezes, sem sucesso. Como prova, tenho a seguinte imagem:


Tive que trazer algo para vocês tão legal quanto, e venho com o primeiro capítulo do especial do Drake e da Candice, o qual eu falo há meses. Há um entendimento mais aprofundado se derem uma lida em outra fic que tenho escrito (que acabará nas próximas semanas). Esse especial é como uma continuação dessa fic, entendem?  Por isso, caso queiram, deixo o link abaixo. Espero que tenham tido uma boa leitura! Ah, e nas próximas semanas, provavelmente, estarei trazendo uma novidade bem... Maluca. Um projeto novo. Então fiquem ligados (: Boa semana a todos!

2 comentários:

CanasOminous disse...

Diga ae, Haos! Veja só, creio que agora muitos dos mistérios de Ethron começarão a fazer sentido para mim. Eu já esperava esse especial há muito tempo parceiro, você falava tanto dele que o vejo como sua obra prima máxima. Combinando com a Ice Dreams tudo ficou mais claro, e agora deixo essa pressão para que você arruma os links do blog e do Menu da Arena, porque não estou conseguindo acessar os capítulos com a mudança do domínio! kkkkkkkk Sério man, dê uns ajustes nisso, porque eu queria tanto dar uma visitada no Menu desse especial!! D: Não lembro ao certo quantas partes eram, mas sinto que irei gostar. E veja só, vocês conseguiram me fazer gostar da Candice, pronto, admiti! kkkkk Gosto dessa maneira como você trabalha com ela, vejo uma mistura de alguém que esconde as tristezas atrás do sorriso, e que não deixa as pessoas notarem suas fraquezas por nada. Espero conseguir fazer o certo com essa personagem quando chegar a hora, e quero que você esteja lá para supervisionar.

Neste aspecto vou ter que dizer que preferi sua boa e velha escrita na terceira pessoa. Não é por preferência ou nada, mas eu acho que os leitores teriam uma melhor visão de tudo com descrições de um narrador, da loucura dos Pokémons, dos prédios destruídos, de tudo arruinado. Houveram alguns momentos que eu achei breves, como se ficasse aquela vontade de mais. Mas eu compreendi que você não tinha interesse de falar sobre o longo ano que se passou em Snowpoint, e ir direto ao ponto nos poupou de descrições desnecessárias. Porém, nos próximos acho que você pode ir com mais calma, mais descrições de atos e dos pensamentos. Não os sentimentos, pois eles já foram bem formados, e um trecho em especial que eu adorei foi aquele em que o Drake diz ver sua mãe chorar, que não há situação pior do que essa, é como descobrir que nossa fortaleza também tem um ponto fraco. Isso me tocou.

Por fim, não pense que esses pequenos pontos que citei atrapalharam minha leitura. Adorei suas descrições da casa e do ambiente de Snowpoint, sua região mais amada em Sinnoh. Você misturou diversos gêneros nessas poucas linhas, desde a ação e amizade até o drama. Espero estar aqui para conferir o desfecho disso tudo o quanto antes, ou pelo menos ir aproveitando mais dos tempos do Drake com sua professora. Seria algo singelo e adorável, ou você vai enfiar um assassinato no meio para nos chocar? kkkkkkk Ainda adoro seus especiais da Melissa, e chego a tremer quando ouço essas palavras para uma criança: Assassino. Vamos lá companheiro Haos, torne este especial ainda mais respeitável! Um grande abraço.

Haos Cyndaquil disse...

Hey Canas õ/
Man, obrigado pelas dicas. Tipo, eu quis fazer um experimento em primeira pessoa, mas para as próximas vou voltar à terceira. Eu mesmo me sinto um pouco estranho em escrever desta forma kkk Mas acho que momentos como a própria mãe do Drake chorando teriam mais impacto ao ser contado em primeira mão.

auheuahea Pode deixar que colocarei o link certo. Até esqueci da mudança de domínio, vou dar um jeito nisso, pode deixar (: E sobre a Candice, man, já usei tanto ela escrevendo que achei que o pessoal ia pegar ódio da moça kkkkkkkkkkk Mas garanto que nas próximas partes teremos um especial mais interessante. Afinal, foi algo que planejo faz tempo kkk

Agora, a questão de assassinatos morreu por aqui (sacou o trocadilho? kkkkkkk) Acho que eu sempre coloco um personagem morrendo em algum lugar que o pessoal deve estar cogitando que eu mate alguém na nova fanfic kkkkkk Chega de assassinatos por enquanto, meus dias de serial killer estão para trás u.u auehuehuh Abraços aí, Canas \õ

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